Kyrill tinha 18 meses. Morreu na sexta-feira com estilhaços de uma bomba russa que caiu perto de sua casa em Mariupol, no sul da Ucrânia. Os últimos momentos da sua curta vida foram registados por um fotógrafo da AP. Quatro imagens difíceis de ver. Quatro imagens que nos despedaçam por dentro.
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Marina Yatsko irrompe desesperada pelo hospital de Mariopol adentro atrás de Fedor, seu namorado. Ele carrega nos braços o filho dela, Kyrill. Vai enrolado num cobertor azul bebé, manchado de sangue vermelho escuro.
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Uma equipa médica rapidamente pega no bebé ferido. Iniciam manobras de reanimação e metem-lhe uma máscara de oxigénio. O pequeno coração não dá sinal de resposta, nem após os choques do desfibrilhador. Apesar de todos os esforços, Kyrill é declarado morto.
No corredor, Marina deixa-se cair numa cadeira e curva-se de dor. Fedor agacha-se ao seu lado e segura-lhe nas mãos. "Porquê? Porquê? Porquê?", contesta a mãe em pranto enquanto se levanta. O namorado ampara-a e juntos entram novamente na sala de urgências. Kyrill está deitado numa maca, ainda enrolado no mesmo cobertor azul bebé manchado de vermelho sangue. A mãe puxa o cobertor para trás e acaricia a face gelada do filho. Dá-lhe um beijo de despedida.
No outro lado da sala, desanimado e agachado junto a uma coluna, um dos médicos que tentou salvar Kyrill fita o chão. No hospital não há eletricidade nem aquecimento e o pessoal médico está há mais de uma semana sem descanso. O cerco russo a Mariupol aperta-se. Não há tempo para pensar no bebé. Há que tomar conta dos vivos.
A morte de Kyrill ficou registada em imagens. Quatro imagens de horror. Quatro imagens injustificáveis. Quatro imagens que não podem ser esquecidas.