Maior tempestade do ano mata 14 pessoas em Taiwan e ruma à China. Há 124 desaparecidos
Equipas de socorro estão a tentar estabelecer contacto com 124 pessoas desaparecidas em Taiwan após o transbordamento de um lago, devido à passagem do supertufão Ragasa, a mais poderosa tempestade registada no planeta em 2025.
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O Centro de Resposta a Desastres taiwanês, citado pela agência de notícias oficial CNA, indicou que todos os desaparecidos têm moradas registadas na região de Hualien, no leste da ilha.
As equipas de busca, incluindo bombeiros, militares e socorristas especializados, estão a realizar verificações porta-a-porta com o objetivo de estabelecer contacto com todos os residentes ao longo do dia.
Pelo menos 14 pessoas morreram no leste de Taiwan, na sequência do transbordamento de um lago natural que inundou a cidade de Guangfu, consequência das intensas chuvas provocadas pelo supertufão Ragasa.
O comandante adjunto do Centro, Hsiao Huan-chang, explicou que a torrente de água está tão saturada de lama que "os veículos mal conseguem chegar", o que exigiu "a mobilização de um grande número de militares, polícias e bombeiros".
O corpo de bombeiros local explicou que, das 14 vítimas mortais, a maioria eram idosos que viviam no rés-do-chão dos edifícios de Guangfu, o município mais afetado pelas inundações.
De acordo com as autoridades locais, o transbordamento do lago ocorreu na tarde de terça-feira, quando a barragem natural do afluente do riacho Matai'an cedeu e libertou um grande fluxo de água carregada de lama e detritos.
A enchente destruiu uma ponte sobre um riacho e inundou rapidamente o centro urbano de Guangfu, onde várias ruas ficaram submersas até o nível dos telhados em algumas áreas.
Imagens divulgadas pela comunicação social local mostram moradores a subir aos telhados e veículos à espera de auxílio enquanto a água cobre grandes áreas do município.
Horas antes, as autoridades tinham alertado que o lago natural, localizado na localidade vizinha de Wanrong, poderia transbordar, o que levou a ordens de evacuação, limpeza do leito e reforço da vigilância.
O condado de Hualien está entre os mais afetados pelas chuvas associadas à passagem do supertufão Ragasa, que mantém em alerta grande parte do sudeste da China e de Taiwan.
A Administração Meteorológica Central da ilha emitiu alertas por "chuvas extremamente torrenciais" - o nível máximo de alerta - para hoje em Hualien e no distrito vizinho de Taitung.
O supertufão Ragasa, a mais poderosa tempestade registada no planeta em 2025, está a passar ao largo das regiões chinesas de Macau e Hong Kong. Às 10 horas (3 horas em Portugal continental), o Ragasa estava a cerca de 100 quilómetros a sudoeste de Macau, onde as rajadas de vento já atingiam 146 quilómetros por hora nas pontes que ligam a península às zonas periféricas da Taipa e Coloane.
Estas pontes, assim como aquelas que ligam Macau às vizinhas regiões de Hong Kong e Hengqin (ilha da Montanha) foram cortadas, as ligações marítimas entre Macau e o interior da China suspensas e as fronteiras encerradas.
Macau já tinha subido o nível de alerta para 10, o mais elevado, às 05:30 locais (22:30 em Lisboa), mantendo o aviso vermelho (o segundo mais alto) para possíveis inundações nas áreas baixas da cidade.
A escala de alerta de tempestades tropicais é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10, com a emissão a depender da proximidade da tempestade e da intensidade do vento.
Com o nível das águas a subir, a Companhia de Eletricidade de Macau (CEM) alertou, às 10:15 (03:15 em Lisboa) que irá cortar a energia no Porto Interior, Praça de Ponte e Horta, Barra e Patane, todas situadas na península de Macau.
A concessionária justificou a decisão com a necessidade de "garantir a segurança pública e proteger as instalações de fornecimento de energia" e prometeu retomar o fornecimento "o mais rápido possível após as inundações".
O receio de inundações levou o Governo do território a apelar à evacuação das áreas baixas da península. Os centros de acolhimento de emergência tinham acolhido 640 pessoas até às 10:03 (03:03 em Lisboa).
Os serviços de abastecimento de água tinham emitido igualmente um apelo às entidades gestoras dos edifícios altos nas zonas baixas da cidade para encherem "os depósitos de água potável dos edifícios antes do [eventual] corte de energia".
O Centro de Operações de Proteção Civil registou 23 ocorrências, sobretudo devido à remoção de objetos em risco de queda ou que já tinham caído. Foi registado um ferido, de acordo com os Serviços de Saúde.
Em Hong Kong, ventos fortes arrancaram partes do telhado de uma passagem superior para peões e derrubaram árvores por toda a cidade. Cerca de 13 feridos foram assistidos em hospitais.
Hong Kong emitiu o nível de alerta máximo pela segunda vez este ano, o que acontece pela primeira vez em décadas. O único caso anterior de emissão do alerta máximo ocorreu em 1964, durante os tufões Ruby e Dot, desde que os registos começaram em 1946.
Em Macau - capital mundial do jogo e único local na China onde o jogo em casino é legal - todos os casinos receberam instruções para encerrar e proceder às diligências necessárias à segurança dos clientes e hóspedes.
O Centro Meteorológico Nacional da China já tinha classificado o Ragasa como a pior tempestade já registada no planeta em 2025, comparável ao Mangkhut (2018) e ao Hato (2017).
Em setembro de 2018, o tufão Mangkhut provocou 40 feridos e inundações graves em Macau. Um ano antes, o Hato, considerado o pior tufão em mais de 50 anos a atingir o território, causou dez mortos e 240 feridos.
Mais de um milhão de pessoas foram realojadas na província de Guangdong, que faz fronteira com Hong Kong e Macau, informou a televisão estatal chinesa CCTV.
A agência meteorológica chinesa previu que o supertufão atingiria a costa entre as cidades de Taishan e Zhanjiang entre a tarde e a noite de hoje.
Escolas, fábricas e serviços de transportes públicos foram suspensos em cerca de uma dezena de cidades no sul da China.
Na terça-feira, o Ragasa passou pelo norte das Filipinas, onde causou 10 mortos. Sete pescadores afogaram-se depois de um barco ter virado, devido a ondas altas e ventos fortes, ao largo da cidade de Santa Ana, no norte da província de Cagayan (nordeste). As autoridades provinciais reportaram a existência de outros cinco pescadores desaparecidos na sequência do incidente, ocorrido na segunda-feira.
Quase 700 mil pessoas foram afetadas pela passagem do supertufão Ragasa pela ilha de Luzon, incluindo 25 mil residentes que se protegeram em abrigos de emergência do governo.
Os tufões são fenómenos meteorológicos recorrentes no sudeste da China e em Taiwan durante o verão e o outono, quando as águas quentes do Oceano Pacífico levam à formação de ciclones.