O Governo italiano anunciou, no sábado, o isolamento de uma dezena de cidades, em particular na região da Lombardia, no norte. Já foram detetados mais de 100 casos de infeção com o novo coronavírus e confirmadas três mortes.
Corpo do artigo
As novas contaminações ocorreram sobretudo na região da Lombardia (89 casos), ao redor da cidade de Codogno, mas também em Veneto (17 casos) e Turim. O Governo aprovou um decreto-lei que, na prática, isola as áreas em causa, onde mais de 50 mil habitantes estão em quarentena.
Novo coronavírus já infetou mais de 76 mil pessoas e matou mais de 2400
"Nas zonas consideradas como zonas de surto, não será autorizada nem a entrada nem a saída, à exceção de autorização particular", declarou aos jornalistas o primeiro-ministro italiano. Giuseppe Conte anunciou ainda o encerramento de empresas e escolas nessas zonas, e a anulação de todos os eventos públicos, entre os quais festas de carnaval, competições desportivas e excursões escolares (alguns espaços já tinham sido encerrados no início da semana, por indicação dos autarcas locais). Conte indicou ainda que vão ser instalados postos de controlo e que, se necessário, enviará o exército e todas as forças de segurança.
Também como consequência do aumento de número de infetados no país (já são mais de 100), as autoridades italianas decidiram cancelar os últimos dois dias do Carnaval de Veneza. A suspensão entra em vigor ao final da tarde deste domingo.
11852320
Sem pistas sobre a origem
A confirmação, no sábado, pelo vice-ministro da Saúde italiano, citado pelo "La Repubblica", de que, afinal, o suposto paciente zero - um gerente que tinha regressado da China - nunca contraiu o vírus, veio baralhar ainda mais as autoridades.
Sem saber quem começou a disseminação do vírus, sabendo apenas que o surto começou em Lodi, na Lombardia, as autoridades passam a pente fino os 19 dias do paciente 1, um homem de 38 anos que havia estado em contacto com o alegado paciente zero no dia 1 de fevereiro.
11853020
A rede de propagação é estonteante: participou em maratonas, foi trabalhar, assistiu a jogos de futebol, saiu à noite com amigos. A mulher, grávida de oito meses, está em estado crítico no hospital, infetada com Covid-19. E duas pessoas que morreram - uma mulher de 75 anos e um homem de 77 - tinham estado em contacto com o paciente 1 nas urgências hospitalares. Encontra-se, refira-se, hospitalizado em estado considerado grave.
Este domingo foi confirmada a terceira morte - uma mulher de idade avançada e com cancro, que estava internada "em estado grave" há alguns dias na unidade de oncologia de um hospital de Cremona, na Lombardia.
O que vem dar força aos receios da OMS, com o seu diretor-geral, Adhanom Ghebreyesus, a alertar para a inexistência de relação entre alguns casos e o surto em Wuhan (China). "Estamos preocupados com o número de casos sem vínculo epidemiológico claro", disse Ghebreyesus.