Mais de mil crianças já foram libertadas das garras de grupos armados na República Centro-Africana durante este ano, anunciou esta sexta-feira a Unicef, recordando, porém, que "milhares" continuam a ser usadas pelas partes em conflito.
Corpo do artigo
Em comunicado divulgado pelo Comité Português da Unicef, a agência das Nações Unidas para a infância assinala que o número de crianças libertadas em 2014 é já cinco vezes superior ao total de crianças libertadas no ano passado.
As crianças na República Centro-Africana têm sido "usadas por todas as partes em conflito, não apenas como combatentes, mas também como cozinheiros, carregadores e guardas", descreve a organização.
A Unicef tem apoiado as crianças libertadas, assegurando-lhes cuidados de saúde e apoio psicossocial e tentando localizar as suas famílias e garantir o seu regresso à escola. Em cada cinco crianças libertadas este ano, uma é do sexo feminino, concretizou a agência.
Porém, "a falta de financiamento continua (...) a ser um entrave" e a Unicef reclama 5,5 milhões de euros para financiar o apoio às crianças da República Centro-Africana até ao final do ano.
"Muitas destas crianças viram os seus irmãos, irmãs ou os seus pais serem mortos à sua frente e estão a quilómetros de distância das suas aldeias e famílias", recorda Souleymane Diabaté, representante da Unicef na República Centro-Africana, defendendo que "estas violações flagrantes dos direitos das crianças não podem ficar impunes".
Por outro lado, "milhares de crianças continuam ainda nas fileiras de grupos armados", reconhece a agência, estimando que, desde a mais recente escalada do conflito na República Centro-Africana em dezembro, esse número tenha quase duplicado, "passando de 3.500 para perto de 6.000".