<p>As ruas de mais de 20 cidades espanholas começaram a encher-se de manifestantes, hoje, sábado, ao meio-dia. Sob o slogan "Contra a impunidade de Franco", centenas de parentes das vítimas da ditadura e artistas como Pedro Almodovar mostraram o seu apoio ao juiz Baltazar Garzón, acusado de prevaricar no caso do franquismo.</p>
Corpo do artigo
O epicentro da manifestação, cujas pessoas foram convocadas através do facebook, está marcado para as 18.30 horas, em Madrid (17.30 horas, em Portugal). Mas os protestos serão replicados em várias cidades europeias, como Paris e Londres. Portugal também se associou.
Na capital espanhola, a marcha cumprirá um percurso entre a Praça Cibelle e a Porta do Sol. Aí, o cineasta Pedro Almodovar, a escritora Almudena Grandes e o poeta Marcos Ana vão ler um manifesto de solidariedade com as vítimas da ditadura de Franco e as suas famílias. Os manifestantes querem pedir “justiça e verdade” para os familiares de, pelo menos, 113 mil desaparecidos, que foram fuzilados, presos, sofreram represálias e foram exilados.
À mesma hora, a Falange, grupo de inspiração ideológica de Franco e uma das três organizações de extrema-direita que iniciaram o processo contra o juiz Garzón, convocou também uma marcha, frente ao Supremo Trubunal, baptizada: "Orgulho na nossa história falangista". Esta marcha já foi considerada como "uma provocação", mas as autoridades policiais já fizeram saber que tudo farão para "evitar o confronto".
Entretanto, o apoio a Garzón já se estendeu a 26 países (Argentina, México, Chile, Venezuela, Suécia, entre outros, da Europa também). Hoje, sábado,num congresso internaconal de Trabalho realizado em Bogota, na Colômbia, foi produzida uma declaração conjunta dos Estados ali representados.
"O país que ensaiou os caminhos de acesso à justiça universal está prestes a converter-se numa referência de injustiça universal", lê-se no documento a propósito da possibilidade de Garzón poder vir a ser julgado pelo Supremo Tribunal Espanhol.
Em Portugal, um grupo de portugueses, também reunido através do Facebook, irá também concentrar-se hoje, sábado, frente à Embaixada de Espanha, em Lisboa.
Um dos organizadores, Agostinho Machado, afirmou à agência Lusa que é uma "completa iniquidade" que a Audiência Nacional espanhola tenha "impedido" Garzón de investigar "crimes contra a humanidade, inesquecíveis e não amnistiáveis" do regime franquista.
Além disso, há a "agravante" de "lhe imputarem o crime de prevaricação e de o obrigarem a sentar-se no banco dos réus, o que nos preocupa", referiu.