O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, chegou esta quinta-feira a Israel para consolidar o cessar-fogo em Gaza, depois de avisar que o plano de anexação da Cisjordânia ameaça a trégua em vigor.
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Antes de Rubio, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, também assegurou às autoridades israelitas que "a Cisjordânia não será anexada por Israel", reafirmando a posição da administração Trump.
"Se isto foi uma jogada política, foi uma jogada política muito estúpida", disse Vance, considerando a proposta "um insulto pessoal".
Na quarta-feira, o parlamento israelita (Knesset) aprovou a discussão de dois projetos de lei que visam estender a soberania de Israel à Cisjordânia, território palestiniano ocupado desde 1967.
A iniciativa é apoiada pela extrema-direita - parceira da coligação do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, - e foi classificada pelo Governo israelita como uma "provocação deliberada da oposição".
Ainda em Washington, antes de partir para Israel, Rubio avisou que o avanço dessas propostas seria "contraproducente e ameaçaria o cessar-fogo em Gaza".
O secretário de Estado deverá reunir-se com Netanyahu ainda esta noite.
Hamas já devolveu 15 corpos e Israel 195
No final de setembro, o presidente norte-americano, Donald Trump, já tinha prometido que não ia permitir a anexação da Cisjordânia por Israel, sublinhando que tal medida ia comprometer o plano dos Estados Unidos para a paz e a reconstrução de Gaza.
O cessar-fogo, em vigor desde 10 de outubro, prevê a libertação dos reféns capturados durante o ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023 - que provocou 1221 mortos em Israel - e a retirada progressiva das forças israelitas do enclave.
Até agora, o Hamas libertou 20 reféns vivos e devolveu 15 corpos, enquanto Israel entregou 195 corpos palestinianos.
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, a ofensiva israelita de retaliação causou 68.280 mortos em Gaza, na maioria civis.
As próximas fases do plano de Trump incluem o desarmamento do Hamas, o envio de uma força internacional e a reconstrução do território.
Vance afastou o envio de tropas norte-americanas, mas admitiu procurar "países dispostos a contribuir para esse esforço militar".
Já hoje, a Associação de Imprensa Estrangeira em Jerusalém (FPA) criticou o adiamento, por 30 dias, da decisão do Supremo Tribunal israelita sobre o pedido de acesso independente a Gaza, recusado desde o início da guerra.