As eleições autonómicas de domingo são a prova de fogo para Rajoy: a política de austeridade do PP enfrenta um duro teste na Galiza, enquanto no País Basco o regresso dos nacionalistas ao poder poderá abrir novo conflito político.
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É a terra natal de Mariano Rajoy, mas o presidente do Executivo espanhol preferiu participar discretamente na campanha eleitoral da comunidade autónoma. O aumento do descontento social em relação às medidas de austeridade do governo PP coloca em perigo a revalidação da maioria absoluta de Alberto Núñez Feijóo na Galiza, que tem procurado descolar da imagem de Rajoy e escudar-se no facto de ser das poucas regiões que ainda não solicitou um resgate interno.
Sem possibilidade de estabelecer pactos governativos com partidos da Oposição, a maioria absoluta é, por isso, a única forma do PP conservar o poder na região. O atual presidente da Junta da Galiza encerra, portanto, todas as expectativas dos populares, ainda escaldados com os resultados de março na Andaluzia, região em que venceram as eleições, mas não conseguiram formar governo.
A perda de um único deputado no Parlamento galego por parte do PP abriria a porta a um governo regional de esquerda, liderado pelos socialistas e apoiado pelos nacionalistas moderados do BNG e pela coligação liderada pela Esquerda Unida.
Contágio independentista?
Enquanto na Galiza os nacionalistas não deverão reunir mais do que 8% dos votos, no País Basco é mais do que certo que sairão vencedores das eleições. Segundo as últimas sondagens, os partidos que defendem a autodeterminação poderão concentrar cerca de dois terços dos deputados, retirando do poder a atual coligação entre socialistas e populares.
Após oito anos na ilegalidade, estas serão as primeiras eleições autonómicas a que concorre a esquerda independentista - unida em torno da coligação Bildu -, que deverá retirar dividendos do fim da violência da ETA e poderá no domingo chegar aos 24% dos votos. No entanto, ao que tudo indica, o conservador Partido Nacionalista Vasco, de Iñigo Urkullo, deverá aguentar o avanço dos abertzales.
Embora mais ambíguo do que Laura Mintegi, (a candidata de Bildu) no que diz respeito à defesa da independência basca, também Urkullo já deu mostras de poder seguir a linha delineada por Artur Mas na Catalunha.
Numa entrevista concedida sexta-feira, demonstrou que poderá converter-se na próxima dor de cabeça do Governo central, ao afirmar que pretende "percorrer o caminho do reconhecimento nacional".