Assessor Mauro Cid foi fundamental para acusações de golpe no Brasil, diz advogado
A defesa do antigo assessor do ex-presidente brasileiro defendeu, esta terça-feira, a absolvição do seu cliente e sublinhou que este foi fundamental para a investigação ao dar pistas sólidas de "extrema relevância" para o processo de golpe de Estado.
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"Se ele [Mauro Cid] não fala que os considerandos foram discutidos com os comandantes, talvez ninguém soubesse", defendeu o advogado Jair Alves Pereira, o primeiro a apresentar os argumentos na fase final do julgamento, que começou hoje na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em Brasília
"O acordo de colaboração é sólido e sustenta os factos", afirmou o advogado, que defendeu o acordo de colaboração que Mauro Cid assinou com a Justiça, no qual confessou os factos e colaborou para ajudar nas investigações da trama golpista.
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As equipas de defesa dos restantes acusados têm solicitado repetidamente a anulação do depoimento de Cid por supostas contradições nas suas declarações e alegadas pressões por parte da polícia e do juiz instrutor do caso, Alexandre de Moraes.
"As outras defesas vão dizer [que] Mauro Cid foi coagido pela polícia e [pelo] juiz relator Alexandre de Moraes", avisou o advogado, negando por completo esta tese.
As revelações de Mauro Cid foram fundamentais para montar a denúncia contra Bolsonaro, que enfrenta uma possível pena de prisão de até 40 anos.
O antigo assessor afirmou que o ex-presidente brasileiro recebeu, leu e modificou um decreto para declarar o estado de sítio, reverter a vitória eleitoral de Lula da Silva e prender uma série de autoridades, entre elas alguns juízes do Supremo.
A manhã de hoje ficou marcada pelo início do julgamento de Jair Bolsonaro e de sete outros arguidos acusados de tentativa de golpe de Estado, que começou com a leitura do resumo do caso por parte do juiz Alexandre de Moraes, o relator do processo, e pela intervenção do procurador-geral Paulo Gonet, que considerou todos os acusados responsáveis pelos atos de que são acusados.
"Todos os personagens são responsáveis pelos eventos que se concatenam entre si", disse Paulo Gonet.
Seguem-se agora as intervenções das defesas por ordem alfabética.
Além de Jair Bolsonaro, estão em julgamento o deputado federal Alexandre Ramagem, o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o general na reserva e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República Augusto Heleno, o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, o general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o general na reserva e ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Neto.
Nesta primeira audiência, apenas um dos réus está presente: o general na reserva Paulo Sérgio Nogueira, que foi ministro da Defesa durante o Governo Bolsonaro.