Um antigo médico do presidente da Venezuela, que se pronunciou sobre a estimativa de vida de Hugo Chavez, anunciou, em carta pública, que teve de abandonar de "maneira abrupta" o país, depois da polícia ir ao seu consultório.
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"Os acontecimentos posteriores obrigaram-me a sair do país com a minha família, de maneira abrupta, algo que não desejava e não tinha planeado fazer", explica o médico, Salvador Navarrete.
No último domingo, Salvador Navarrete, antigo médico de Hugo Chávez e militante do Partido Socialista Unido da Venezuela, revelou a um jornal mexicano que o tumor extraído a Hugo Chávez é "muito agressivo" e que "a expectativa de vida pode ser de até dois anos".
Na carta divulgada, este sábado, o médico explica que as suas declarações tiveram por base "informação oficial" e a sua condição profissional, afirmando estar preocupado "que o presidente e o seu entorno político não conheçam a magnitude da sua doença, que tem sido manejada com um completo hermetismo".
"As consequências de um desenlace fatal e a importância que tinha informar, tanto à sua organização como aos grupos que o apoiam, igual que aos grupos políticos que o adversam, foram as razões que me levaram a abordar este delicado assunto", explica.
Para Salvador Navarrete, o desaparecimento de Hugo Chávez neste momento "poderia ser mais traumático do que os políticos percebem".
O médico declara que não é "um traidor da pátria" e que "a análise da condição actual do mandatário está baseada nas informações oficiais que nalguns casos têm sido emitidas pelo próprio presidente e não é mais que um exercício clínico que pode completar qualquer profissional de medicina para chegar a um diagnóstico ou prognóstico presuntivo, nunca definitivo".
Colegas do médico dizem ter presenciado o momento em que a polícia entrou no seu consultório de uma clínica de Caracas para revistar arquivos e computadores. Também confirmam que a casa de alguns familiares foi visitada por oficiais à procura de informações.
Hugo Chávez, de 57 anos, regressou na quinta-feira de Cuba, onde se submeteu a "rigorosos" exames médicos. No regresso à Venezuela, Chávez disse que os testes determinaram que não existem "células malignas" no seu corpo.
Hugo Chávez foi operado de urgência em Cuba a 10 de Junho a um "abcesso pélvico" e, a 1 de Julho, enviou uma mensagem ao país a revelar que também tinha sido submetido a uma segunda operação durante a qual lhe foi extraído um tumor com células cancerígenas.