Durante os oito anos de Barack Obama na Presidência dos EUA, o mercado de emprego norte-americano sofreu várias alterações relevantes. A principal é o aumento do número de postos de trabalho.
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Quando Obama chegou à Casa Branca, em janeiro de 2009, a situação na frente do emprego era de hemorragia, com os empregadores em pânico, perante uma procura em quebra acentuada e uma crise financeira, que redundou no congelamento da concessão de crédito, referem analistas.
Só em março de 2009, desapareceram 823 mil empregos. Quando a destruição de postos de trabalho acabou, em fevereiro de 2010, tinham desaparecido 8,7 milhões de empregos. A taxa de desemprego tinha atingido os 10% em outubro de 2009, o máximo dos anteriores 25 anos.
Oito anos depois, o mercado de trabalho está com uma forma incomparavelmente melhor, segundo os dados oficiais. A taxa de desemprego está em 4,7% e há 75 meses consecutivos que há uma criação líquida de empregos, na que é a mais longa série desde que há registos.
Mas houve outras tendências, nem todas positivas, que mudaram o mercado de trabalho nestes últimos oito anos, de acordo com os analistas.
Apesar da tendência de criação de emprego, o ritmo de crescimento da população foi maior, pelo que a proporção de norte-americanos com emprego caiu um ponto percentual entre o início e o fim da Presidência Obama.
Um segundo traço foi o da eliminação de empregos rotineiros, tanto nas linhas fabris, como em escritórios, devido à automação e globalização. Computadores, robots e importações baratas tomaram os seus lugares.
O emprego fabril caiu 2,4% desde janeiro de 2009 e o de empregados de escritórios 2,5%.
A par da redução destes empregos rotineiros, também diminuíram os respetivos e típicos salários de classe média, aumentando os empregos nos extremos salariais.
O número de postos de trabalho nas redes e no desenvolvimento de programas de informática aumentou 42% nestes oito anos e o de análise de dados 18%. No extremo contrário, o número de empregos em hotéis e restaurantes cresceu 19%.
A absorção da maior parte dos novos empregos por licenciados é uma terceira distinção. A quantidade de licenciados com emprego subiu 22%, enquanto, pelo contrário, a dos que só têm o ensino secundário diminuir 4%.
Isto tanto reflete a saída do mercado de trabalho dos trabalhadores mais velhos e com menos formação escolar, como a procura crescente de trabalhadores com elevadas qualificações.
Um quarto desenvolvimento foi o aumento médio do pagamento por hora em 2,9% durante o último ano, o mais forte de todos, o que permitiu que desde o fim da Grande Recessão o aumento médio tenha sido de 2%.
O aumento dos empregos na hotelaria, restauração e no comércio retalhista permitiu a subida dos norte-americanos com empregos em tempo parcial. Em particular, nota-se o aumento dos que estão nesta situação por querer. De facto, caiu em 30% o número dos empregados em tempo parcial que queriam um emprego a tempo total e aumentou em 13% os que trabalham neste regime de forma voluntária nos últimos oito anos.
Para o crescimento do emprego também contribuiu - outra característica relevante - a expansão dos empregos temporários, que dispararam 52% durante o governo de Obama, para cerca de 3 milhões, em especial nos hospitais e fábricas de automóveis.
O último traço distintivo das mudanças sob a Obama é o da substituição geracional, com a entrada dos milenares, que está a mudar a face do mundo do trabalho, desde logo, os locais de trabalho, com mais tecnologia, espaços abertos, pufes e comida gratuita.