Um novo estudo detetou a presença de microplásticos em placentas durante a gestação. Os investigadores responsáveis acreditam que as partículas podem ser prejudiciais a longo prazo para o desenvolvimento do feto.
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O recente estudo italiano, publicado na revista "Environment International", revelou, pela primeira vez, a presença de microplásticos na placenta humana. O efeito destas partículas no corpo humano é ainda desconhecido, mas os cientistas estimam que causem danos a longo prazo no desenvolvimento do feto e prejudiquem o sistema imunitário por conterem produtos químicos. Acredita-se que as substâncias possam ser inaladas ou ingeridas pela mãe.
Os microplásticos foram encontrados na placenta e na membrana onde esta se desenvolve em quatro mulheres que tiveram uma gestação saudável e parto natural. Apesar de apenas ter sido analisado para o estudo 4% da placenta, foram detetados plásticos azuis, vermelhos, cor de laranja e cor-de-rosa, provavelmente provenientes de embalagens, cosméticos e produtos de higiene. Tinham uma espessura de 0,01 milímetros, podendo assim ter sido transportados pela corrente sanguínea, avança o "The Guardian".
"É como ter um bebé ciborgue: já não composto apenas de células humanas, mas com uma mistura de entidades biológicas e inorgânicas", comparou Antonio Ragusa, líder da investigação e diretor de obstetrícia e ginecologia no Hospital San Giovanni Calibita Fatebenefratelli, em Roma.
Especialistas alertam que as partículas não foram encontradas em duas das mulheres do estudo, o que pode estar relacionado com diferentes fisiologias, dietas ou estilos de vida. "Os bebés estão a nascer pré-poluídos. O estudo era muito pequeno mas, no entanto, assinala uma preocupação muito acentuada", admitiu Elizabeth Salter Green, da instituição de caridade Chem Trust.
Os cientistas não conseguiram analisar o corpo dos bebés, para verificarem a presença de plásticos, mas garantem que a descoberta é preocupante e que serão necessários mais estudos para concluir a gravidade dos possíveis danos. "Devido ao papel crucial da placenta no apoio ao desenvolvimento do feto e na atuação como interface com o ambiente externo, a presença de partículas plásticas potencialmente nocivas é motivo de grande preocupação", apontam. E realçam que é necessária uma avaliação urgente da situação.