Milhares de pessoas saíram às ruas em Barcelona em defesa do referendo pró-independência da Catalunha e em protesto contra a detenção de 14 pessoas alegadamente envolvidas na preparação do processo da consulta popular.
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De acordo com a agência Associated Press, houve registo de protestos também noutras cidades da Catalunha e em Madrid, mas a maior concentração ocorreu esta quarta-feira à noite em Barcelona junto de vários ministérios do governo catalão (Generalitat), nomeadamente da Economia.
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Cerca das 22 horas, os habitantes de Barcelona fizeram ainda um protesto sonoro com tachos e panelas também contra as detenções, noticiou a agência Efe.
A operação da polícia espanhola incluiu a revista de uma série de edifícios do Governo regional, a detenção de 14 pessoas e a apreensão de cerca de 10 milhões de boletins de voto, destinados ao referendo marcado para 01 de outubro.
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O presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, acusou Madrid de atuar com uma "atitude totalitária" e assegurou que irá manter os preparativos do referendo de autodeterminação.
Por seu lado, o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, justificou a ação da polícia com a aplicação das leis e o Estado de direito.
Estes acontecimentos são o último episódio da tensão crescente entre Madrid e os separatistas da Catalunha.
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu no início do mês, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo Parlamento e pelo Governo da Catalunha que davam cobertura legal ao referendo de autodeterminação convocado para 1 de outubro próximo.
Catalunha é a região mais rica de Espanha, com um PIB superior ao de Portugal
Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.
Os independentistas defendem que cabe apenas aos catalães a decisão sobre a permanência da região em Espanha, enquanto Madrid se apoia na Constituição do país para insistir que a decisão sobre uma eventual divisão do país tem de ser tomada pela totalidade dos espanhóis.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com um PIB superior ao de Portugal, com cerca de 7,5 milhões de habitantes e uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.