Paulo Rangel está em Cúcuta, Colômbia, integrado numa comitiva de eurodeputados do Partido Popular Europeu para acompanhar a situação da crise política e humanitária na vizinha Venezuela. Em declarações ao JN, o eurodeputado social-democrata apontou as milícias ligadas a Maduro como um "grande risco" para a segurança no país.
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O ambiente no lado colombiano é tenso?
Estou no centro de operações instalado na fronteira e, aqui, o ambiente é de expectativa. Vamos acompanhando as notícias. Ainda agora soubemos que Nicolás Maduro alinhou as tropas de tal maneira que a linha da frente era toda de polícia feminina, para as primeiras a serem derrubadas serem mulheres. Ora, passaram para o lado de Guaidó. Está confirmado. Mas também há informações contraditórias. Apesar de estar num sítio onde a informação é privilegiada, a contra-informação também é muito grande.
Sente-se que pode haver um antes e um depois deste dia 23?
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A minha avaliação crítica - aqui, as pessoas têm o seu lado claramente escolhido - é a de que a repercussão é muito fora destas zonas de fronteira. Dentro da Venezuela está a haver bastantes manifestações contra a travagem da entrada da ajuda humanitária. E há soldados hesitantes ou a sair das hostes das Forças Armadas. Aqui pude ver seis. Quanto à ajuda, quando reunimos com os presidentes da Colômbia e do Chile, o que eles disseram foi que não contavam que se abrisse de repente uma autoestrada. A informação que temos aqui não nos permite fazer nenhum prognóstico.
Chega aí o eco dos confrontos no lado venezuelano da fronteira?
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Sim. Mas ouvimos que são originados essencialmente pelas milícias - os coletivos - com quem Maduro tem uma relação umbilical. Esse é identificado como o grande risco. Existe a consciência de que pode degenerar. Nunca houve receio quanto aos militares, porque, mesmo estando do lado de Maduro, têm formação e só causarão danos em último recurso. Imensos venezuelanos que queriam vir para a fronteira foram impedidos pelos coletivos. Aliás, Guaidó fez um apelo em direto às forças armadas para que protejam as pessoas dos coletivos.
Juan Guaidó saiu da Venezuela violando a proibição de deixar o país. Entende regressar, mesmo com o risco de ser preso?
O que nos tem sido dito é que vai regressar. Não me admirava nada que estivesse disposto a ser preso.