Os 800 mil militantes comunistas cubanos já podem sair de Cuba sem pedir autorização ao partido, no quadro da nova legislação da emigração que entrou em vigor no início de janeiro, noticia a AFP.
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A informação foi obtida hoje pela agência noticiosa junto de militantes.
"Os militantes já não precisam de passar pelo processo fastidioso de pedir autorização ao partido para sair do país. Agora, basta apenas informá-lo", escreveu Harold Cardenas, membro da União da Juventude Comunista (UJC) no blogue "A Jovem Cuba" (lajovencuba.wordpress.com), do qual é um dos editores.
"Indicaram-nos que para viajar para o estrangeiro temos apenas de informar [o partido], sem termos de pedir autorização", confirmou à agência noticiosa um militante que pediu o anonimato.
Os militantes do partido comunista cubano (PCC), bem como os 600 mil membros da UJC, confrontavam-se até ao momento com dois grandes obstáculos quando pretendiam viajar para o estrangeiro.
Como todos os cubanos, tinham desde logo de obter uma carta-branca, que era entregue pelas autoridades, e uma autorização do PCC, que as concedia com muita circunspeção. A reforma da lei migratória, que entrou em vigor em 14 janeiro, aboliu a carta-branca.
"A política era deixar sair o menor número possível de militantes, aparentemente para evitar que fossem pervertidos ideologicamente", disse um antigo militante da UJC à agência noticiosa. "A autorização só era concedida em casos humanitários extremos", acrescentou.
Os militantes que viajassem sem autorização do PCC era "desativados" do partido, o que lhe poderia vir a criar problemas na sua vida profissional.
A nova lei migratória permite agora aos cubanos viajarem para o estrangeiro apenas com um passaporte válido e o visto do país de destino, sem carta-branca, que as autoridades podiam recusar sem terem de dar explicações, nem carta de convite do estrangeiro.