Ministro austríaco pede à Europa para "abrir os olhos" para o drama dos refugiados
O chefe da diplomacia austríaca disse, este sábado, que o sofrimento de milhares de migrantes bloqueados na Hungria e que agora estão a ser levados para o seu país era uma "chamada de atenção" para a Europa.
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"Isto tem de servir para abrir os olhos em relação à situação caótica em que a Europa está", disse Kurz, à chegada para uma reunião informal com os seus pares europeus a propósito da crise dos migrantes.
"Espero que isto sirva como uma chamada de atenção de que (a situação) não pode continuar assim", acrescentou.
Milhares de migrantes exaustos entraram esta madrugada na Áustria, provenientes da Hungria, depois de terem ficado vários dias bloqueados na principal estação de comboios, em Budapeste, na capital húngara, enquanto o governo insistia que eles não podiam seguir viagem por não terem a documentação necessária.
A situação na estação ficou bastante tensa, com mais de mil migrantes a desafiarem as autoridades e a iniciarem uma marcha a pé em direção à fronteira com a Áustria.
"Graças a Deus, o problema pôde ser resolvido de forma humanitária na noite de sexta-feira", continuou, advertindo que esta era somente uma solução para um problema imediato.
"Alguém que pensa que pode ficar de fora deste problema está enganado", adiantou.
O Ministério do Interior austríaco estima que o número total de migrantes da atual vaga possa ascender a 10 mil. Cerca de quatro mil pessoas cruzaram a fronteira durante a noite e madrugada de hoje, horas depois de as autoridades hungaras terem começado a levar os migrantes até à fronteira com a Áustria.
As 28 nações da UE estão bastante divididas sobre o que faze rem relação aos fluxos de migrantes, a maior parte pessoas que abandonaram os seus países para fugir aos conflitos que grassam no Médio Oriente e Norte de África.
A Alemanha liderou os esforços para a abertura das fronteiras, dizendo que poderia aceitar até 800 mil refugiados este ano, e apoiando planos para quotas obrigatórias nos países da UE.
A Hungria, juntamente com muitos países do leste que se tornaram novos membros do bloco europeu, opõem-se ao sistema de quotas e insistem que as regras atuais devem ser aplicadas, com os requerentes de asilo a terem de fazer o pedido de asilo no primeiro país onde chegam e não o no país para onde querem ir.
A maior parte dos refugiados são sírios que chegam via Grécia, país que também já têm uma grande quantidade de migrantes.