A Rússia garantiu, esta quarta-feira, seis meses após o início da campanha militar na Ucrânia, que as operações no país vizinho estão a decorrer conforme o planeado e que "todos os objetivos serão alcançados".
Corpo do artigo
"A operação militar especial está a decorrer conforme o planeado e todos os objetivos serão alcançados", disse o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, citado pela agência de notícias oficial TASS, durante uma reunião com os seus homólogos da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), em Tashkent, no Uzbequistão.
Shoigu sublinhou que a Rússia está a atacar a infraestrutura militar e a indústria de defesa da Ucrânia com armas de alta precisão e "faz de tudo para evitar baixas entre a população civil".
"Sem dúvida, isso diminui o ritmo da ofensiva, mas fazemos isso de forma consciente", disse Shoigu aos seus homólogos da OCX, organização que inclui China, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Paquistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão.
Ao mesmo tempo, Shoigu acusou as "formações armadas ucranianas" de utilizarem "táticas de terra queimada, violando grosseiramente as normas internacionais e agindo como terroristas".
O ministro russo reiterou a necessidade de defender a população russófona na região do Donbass, no leste da Ucrânia, sendo este o motivo que levou a Rússia a lançar a operação militar especial naquele país.
Shoigu denunciou ainda que o conflito na Ucrânia tornou-se mais um pretexto para os Estados Unidos e os seus aliados desencadearem uma guerra económica e de informação contra a Rússia, procurando desta forma desgastar estrategicamente o país.
"O objetivo declarado dos Estados Unidos e dos seus cúmplices é o desgaste estratégico da Rússia para eliminar a concorrência e alertar outros Estados que desenvolvem uma política independente", referiu.
O ministro russo observou que Washington "escolheu a Ucrânia como instrumento de uma guerra híbrida contra a Rússia".
"Os Estados Unidos e os seus aliados continuam a encher a Ucrânia de armas, o que aumenta o número de vítimas e prolonga o conflito", concluiu Shoigu.
A Ucrânia está a assinalar hoje os seis meses da invasão do seu território pela Rússia, em 24 de fevereiro, com uma exposição em Kiev de equipamento militar destruído ao inimigo.
Os seis meses da guerra coincidem com o 31.º aniversário da independência da Ucrânia, declarada em 24 de agosto de 1991.
A ofensiva militar russa já provocou a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU já confirmou a morte de mais de 5.500 civis, mas continua a alertar que o número será consideravelmente superior.