O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia acusou a Rússia de provocações como o reforço de tropas junto à fronteira e a presença de "turistas políticos" nas regiões do leste do país.
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"Estamos muito preocupados com o número de tropas russas" na fronteira, disse Andrii Deshchitsia à Imprensa, após uma reunião em Bruxelas com o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rassmussen.
O governo interino de Kiev está também preocupado com "o número de turistas políticos russos nas regiões do leste da Ucrânia e com o número de provocações que a Rússia está a tentar organizar", acrescentou o ministro.
Deshchitsia considerou a atual situação muito semelhante à ocorrida em 2008 na Geórgia, quando a Rússia enviou tropas para apoiar a independência das regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul.
Por isso, frisou, as autoridades ucranianas estão a tomar medidas para evitar uma escalada militar.
"Estamos a dar instruções aos nossos militares, e a sugeri-lo a outras pessoas, para que não reajam a provocações", disse, sublinhando os esforços do governo de Kiev para recorrer a "meios diplomáticos para resolver este conflito pacificamente".
Sobre a reunião com Rasmussen, que não falou separadamente à imprensa, o ministro ucraniano disse que pediu um reforço da cooperação da Aliança com a Ucrânia, através de ajuda técnica e exercícios conjuntos.
A Ucrânia não pediu uma "presença militar" da NATO, afirmou.
A Ucrânia assinou em 1997 um acordo de parceria com a NATO, mas não é membro da Aliança. Em 2008, os membros da NATO concordaram em propor a Kiev que iniciasse o processo para integrar a Aliança, à semelhança do que fizeram outros antigos Estados satélites da União Soviética, como a Polónia.
Em 2010, no entanto, o presidente ucraniano Viktor Ianukovich, considerado pró-russo, afastou essa possibilidade.
As relações entre a Rússia e a Ucrânia degradaram-se em fevereiro na sequência da destituição de Ianukovich, após três meses de manifestações maciças em defesa da aproximação do país à União Europeia.
A tensão acentuou-se na zona leste da Ucrânia, de maioria russa, e em particular na península autónoma da Crimeia, que no domingo aprovou em referendo a independência da Ucrânia e a anexação à Rússia.