O primeiro-ministro separatista da Crimeia, Serguei Axionov, comentou o resultado do referendo sobre a reunificação da república autónoma ucraniana com a Rússia, dizendo a uma multidão em Simferopol: "Vamos regressar a casa!".
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"A Crimeia vai para a Rússia", acrescentou, antes de entoar o hino russo com milhares de pessoas concentradas na praça Lenine, na capital da península do sul da Ucrânia, e um coro de cantores vestidos de marinheiros da frota russa do Mar Negro.
A vaga de entusiasmo iniciou-se quando foram anunciados resultados preliminares do referendo, segundo os quais 95,5% dos eleitores se pronunciaram a favor da reunificação da Crimeia à Federação Russa, quando estavam contados 50% dos votos.
No grande palco instalado há dez dias na praça do centro de Simferopol, os espetáculos em homenagem à "eterna Rússia" e ao seu folclore sucederam-se, noticiou a agência de notícias francesa, AFP.
Milhares de russos de Simferopol e da região circundante concentraram-se na grande praça, delimitada, por um lado, pelo monumental edifício do conselho de ministros da república autónoma, na fachada do qual um laser verde desenhou as palavras "Primavera da Crimeia".
Konstantin Chichkovietz, de 31 anos, enrolado numa bandeira tricolor, festeja o resultado do referendo rindo, dando palmadas nas costas dos amigos e abraçando desconhecidos.
"O passaporte ucraniano, nunca o aceitei. Na minha família, sempre soubemos que éramos russos. Na escola, obrigaram-me a aprender esta língua ucraniana que nunca utilizava na vida quotidiana. Detestava isso", afirma.
A multidão é acompanhada por uma floresta de bandeiras russas, todas iguais, montadas em mastros telescópicos em fibra de vidro do mesmo modelo, manifestamente com a mesma procedência.
As rolhas de "champanskoe", o açucarado champanhe russo, e de garrafas de conhaque saltam, e as pessoas pulam, gritando "Rússia! Rússia!".
Tiram-se fotos de família junto aos cossacos em sentido em frente ao edifício oficial, retomam-se em coro as canções patrióticas cantadas por grupos em trajes folclóricos.
Tamara Lujkoka, de 35 anos, transporta nos braços o filho de 2,5 anos, com um gorro de orelhas de urso.
"Este menino não terá qualquer memória da Ucrânia e isso é que está certo: ele sempre foi russo, como nós", diz a mãe, sorrindo.
Larissa Kostuchienko, uma educadora de infância de 47 anos, ostenta um sorriso com todos os dentes em ouro enquanto agita uma bandeira tricolor.
"Antes, a nacionalidade não tinha importância, mas quando o Governo de Kiev tentou proibir a língua russa, a situação tornou-se impossível. Nós nunca fomos ucranianos, isso só durou 60 anos. Esta separação deveria ter acontecido há muito mais tempo, no fim da União Soviética".
As autoridades separatistas da Crimeia estimam em um ano o período necessário para fazer entrar de facto a Crimeia na Federação da Rússia.
"Na prática, demorará bastante mais tempo e será bastante mais complicado do que eles dizem. Três anos, cinco, talvez. Mas isso não é grave, levará o tempo que for preciso. Vamos regressar a casa", frisa Nikolai Terkach, de 36 anos.