Os portugueses residentes em Moçambique estão assustados com o rapto da portuguesa, esta terça-feira, em Matola, uma cidade satélite de Maputo. O presidente da Associação dos Portugueses de Moçambique diz que a comunidade está "angustiada e triste".
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Além dos sequestros, há muitas pessoas ameaçadas por carta a pagar avultadas quantias por serem "as próximas vítimas" da lista. Muitos portugueses estão já a enviar os filhos de volta para Portugal por serem presas fáceis das quadrilhas armadas. A cidadã portuguesa foi raptada, por homens armados, dentro da empresa de materiais elétricos de que é gestora financeira, situada na Matola, uma cidade satélite de Maputo. A identidade da vítima e a identificação da empresa não foram divulgados.
As autoridades portuguesas estão a acompanhar o caso, que foi reportado à polícia moçambicana e aos familiares da vítima, segundo o cônsul geral de Portugal em Maputo, Gonçalo Teles Gomes.
Este é o segundo rapto conhecido envolvendo portugueses, de uma onda de sequestros que começou em 2011 e tem visado setores abastados da sociedade moçambicana.
Conivência da Polícia
Fonte fidedigna afirmou ao JN que o êxito dos sequestros - que permitem a quadrilhas obter avultadas quantias de dinheiro graças a uma aparente conivência com as autoridades policiais e funcionários de instituições financeiras - está a ser "copiada" a um nível menos sofisticado por pequenos grupos. Estes atuam junto de pequenos comerciantes e empresários, exigindo pelos sequestros resgates de valores à escala dos bens das vítimas.
Segundo referiu, há muitos portugueses que estão a mandar os filhos de volta para Portugal, desesperados com os raptos e porque eles são os alvos mais fáceis.
Por outro lado, segundo a mesma fonte, os sequestros estão a ser complementados com outra forma de extorsão: as cartas de ameça. "As pessoas recebem cartas em que são avisadas de serem as próximas das listas de gente a raptar, pelo que são aconselhadas a pagar quantias avultadas para que tal não aconteça. E isto tanto pode ser organizado quer por quadrilhas como por aproveitadores desta nova onda de crimes que atormentam Moçambique", revelou.
Portugueses desesperam
Horácio Feliciano, presidente da Associação dos Portugueses de Moçambique, afirma que a comunidade está "desesperada, angustiada e triste" com o rapto da portuguesa e com os incidentes do género que atingem os moçambicanos.
"O sentimento é de desespero, angústia e tristeza, porque isto nunca acaba", afirmou, lamentando o facto de as autoridades não conseguirem estancar um crime que assola as cidades moçambicanas há dois anos.
Há 20 anos em Moçambique, Horácio Feliciano disse que não tenciona deixar o país, mas que acredita que os portugueses que pretendam emigrar possam pensar duas vezes antes de o fazer.