O diretor do hospital Rafidia de Nablus, no norte da Cisjordânia, anunciou esta sexta-feira a morte de uma ativista norte-americana pró-Palestina, de 26 anos, que chegou ao centro hospitalar com um tiro na cabeça.
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Segundo a agência de notícias oficial palestiniana Wafa, a jovem foi morta por tiros de soldados israelitas. Questionado pela agência de notícias AFP, o exército de Israel disse estar "ciente da informação" que circula sobre esse incidente, mas não fez outros comentários.
"Uma ativista norte-americana solidária (com os palestinianos) chegou ao hospital com um ferimento de bala na cabeça e nós declarámo-la morta por volta das 14.30 horas, no horário local (12.30 horas em Portugal continental), disse o médico Fouad Nafaa, diretor do hospital Rafidia.
Segundo a agência Wafa, o incidente aconteceu perto de Nablus, em Beita. A agência Wafa diz que a ativista morta fazia parte de uma campanha de solidariedade internacional chamada "Fazaa", empenhada em proteger os agricultores palestinianos da violência dos colonos judeus nessa área, considerados ilegais pela ONU.
A Turquia condenou a morte na Cisjordânia de uma ativista pró-palestiniana com dupla nacionalidade norte-americana e turca, sustentando que foi morta por "soldados de ocupação israelitas" num "crime contra a humanidade".
"Soubemos com profunda tristeza que a nossa cidadã chamada Aysenur Ezgi Eygi foi morta por soldados de ocupação israelitas na cidade de Nablus (...) Condenamos este assassínio cometido pelo Governo de [primeiro-ministro de Israel, Benjamin] Netanyahu", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco em comunicado. "Israel tenta intimidar quem vem em auxílio dos palestinianos e luta pacificamente contra o genocídio. Esta política de violência não produzirá nenhum resultado", acusou a diplomacia de Ancara, referindo-se a um "crime contra a humanidade".
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan também condenou o baleamento mortal da jovem. "Condeno a intervenção bárbara de Israel contra uma manifestação anti-ocupação na Cisjordânia e rezo pela misericórdia de Deus para a nossa cidadã Aysenur Ezgi Eygi, que perdeu a vida neste ataque", escreveu o presidente turco na rede social X.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, lamentou a morte "trágica" e "deplorável" da ativista. "Lamentamos esta perda trágica", disse Blinken a jornalistas na República Dominicana, onde está de visita. "Quando tivermos mais informações, iremos partilhá-las, disponibilizá-las e agiremos em conformidade", afirmou.
Na mesma cidade, em agosto, um outro ativista norte-americano disse ter sido ferido numa perna por um tiro de um soldado israelita durante uma manifestação contra os colonatos israelitas na Cisjordânia.
Israel está a ocupar a Cisjordânia desde 1967 e constrói, desde então, colonatos para os seus cidadãos.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre o exército israelita e o Hamas, a 7 de outubro, desencadeada por um ataque do movimento islamista, a violência entre os palestinianos, de um lado, e o exército e os colonos israelitas, de outro lado, intensificaram-se na Cisjordânia.
Pelo menos 661 palestinianos foram mortos por fogo de soldados ou colonos israelitas na Cisjordânia, segundo dados do Ministério da Saúde palestiniano, e pelo menos 23 israelitas, incluindo soldados, morreram em ataques palestinianos ou em operações militares, segundo dados oficiais israelitas.