O multimilionário Elon Musk anunciou que vai deixar o seu cargo no governo dos EUA depois de ter liderado o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) numa controversa iniciativa para cortar as despesas federais.
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"Agora que o meu período como Funcionário Especial do Governo está a chegar ao fim, gostaria de agradecer ao presidente Donald Trump pela oportunidade de reduzir as despesas desnecessárias", escreveu na rede social X (antigo Twitter). "A missão do DOGE só se fortalecerá com o tempo, à medida que se tornar um estilo de vida em todo o governo".
Musk ajudou a liderar o Departamento de Eficiência Governamental desde a sua criação este ano. Foi designado como "funcionário especial do governo", o que lhe permite trabalhar num cargo público durante 130 dias por ano. Considerando que a tomada de posse de Trump aconteceu a 20 de janeiro, atingiria esse limite no final de maio.
De acordo com a BBC, um funcionário da Casa Branca disse ao canal de notícias "Semafor" que o afastamento de Musk como funcionário especial do Governo começaria na noite desta quarta-feira.
A saída de Musk acontece depois de uma rara divergência com o presidente norte-americano ao criticar o "grande e belo" projeto de lei, a peça central legislativa da agenda de Trump, que investiu capital político ao pressionar os membros do Congresso para aprovar. A medida orçamental inclui isenções fiscais multitrilionárias e um aumento das despesas com a defesa. Em entrevista à "CBS News", o empresário disse estar "dececionado" com o facto de o projeto aumentar o défice federal, acrescentando acreditar que isso "prejudicaria o trabalho" que estava a ser feito no DOGE. Musk, que era uma presença constante ao lado de Trump antes de se afastar para se concentrar nos seus negócios com a SpaceX e a Tesla, também se queixou de que o DOGE se tinha tornado um "bode expiatório" da insatisfação com o governo.
A entrada tumultuosa de Musk na política transformou-o num dos conselheiros mais próximos de Trump, mas levou os lucros da sua empresa, a Tesla, cair a pique. Os manifestantes contra os cortes de custos atacaram os concessionários da Tesla, enquanto incendiários pegaram fogo a alguns dos veículos elétricos. A empresa de automóveis elétricos alertou os investidores de que a crise financeira poderia continuar, recusando-se a oferecer uma previsão de crescimento e afirmando que "as alterações no sentimento político" poderiam prejudicar significativamente a procura dos veículos. Musk disse aos investidores numa conferência telefónica de resultados no mês passado que o tempo que dedica à DOGE "diminuirá significativamente" e que "dedicaria muito mais do seu tempo à Tesla".
Musk também se tem concentrado na SpaceX após uma série de contratempos nos seus sonhos de colonizar Marte, o último dos quais ocorreu na terça-feira, quando o protótipo Starship explodiu sobre o Oceano Índico.
O magnata disse ainda, na semana passada, que deixaria de gastar a sua fortuna em política, tendo investido cerca de 250 milhões de dólares (222 milhões de euros) para apoiar Trump na corrida à Casa Branca.