O presidente do Comité das Regiões Europeu, Vasco Cordeiro, diz não existir "disputa de prioridades" na União Europeia (UE) entre as situações na Ucrânia e Israel. "Há compromissos da UE com ambas e, naturalmente, têm que assumir os seus compromissos", afirma. Nota, contudo, que "são situações diferentes".
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Num momento de declarações à imprensa para um balanço sobre a Semana Europeia das Regiões e Municípios, que decorre em Bruxelas até esta quinta-feira, o presidente do Comité das Regiões Europeu, Vasco Cordeiro, em resposta aos jornalistas quanto à possibilidade de o conflito armado em Israel comprometer o empenho da UE em apoiar a Ucrânia, respondeu que "não há uma disputa de prioridades entre uma situação e outra", mas salientou tratarem-se de "situações diferentes".
"Com a Ucrânia, há um compromisso que vai além da situação do conflito armado. A Ucrânia é um país, à semelhança de outros, candidato à UE. Há um conjunto de obrigações de parte a parte. Desde logo, da parte ucraniana, no preenchimento dos requisitos que, como qualquer outro país, deve cumprir para ser candidato. Essa abordagem tem implicações também, e todo o alargamento, naquilo que tem a ver com a disponibilidade de recursos", admitiu Vasco Cordeiro.
Ainda assim, recordou as suas afirmações de segunda-feira, numa conferência de imprensa com a comissária Elisa Ferreira que marcou o arranque da Semana Europeia das Regiões e Municípios: "Ninguém ignora, obviamente, a importância da discussão e do debate dos recursos. Mas é importante que, do ponto de vista político, essa situação não se resuma a quem ganha e quem perde, porque é do interesse de todos, incluindo de todos os países da UE, proceder a este alargamento. Os motivos têm sido bastas vezes salientados, e esse é um aspeto que deve ser tido em conta, naturalmente".
Esta terça-feira, em sessão plenária, foi aprovado um aumento de verbas para responder às emergências, evitando-se que os fundos para a coesão sejam desviados para financiá-las. Também a dotação do mecanismo de apoio à Ucrânia subiu para 60 mil milhões de euros.
Proximidade das eleições europeias deve servir para "reafirmar necessidade de compromissos"
Quanto ao balanço da Semana Europeia das Regiões e dos Municípios, Vasco Cordeiro nota que o Comité das Regiões "afirma-se, cada vez mais, como uma verdadeira assembleia política representante desse nível de governação [regiões e cidades] por toda a Europa". Para o presidente do Comité, a iniciativa permitiu, até agora, "realçar dois aspetos". Por um lado, "a solidariedade inquestionável [da UE] com a Ucrânia e com o povo ucraniano" e, por outro, "a importância absolutamente essencial de um poder local e regional na Ucrânia, independente, devidamente financiado e respeitado".
Já no que respeita ao debate sobre o futuro da política da coesão, muito marcado durante estes últimos dias em Bruxelas, o presidente do Comité das Regiões associa-o às eleições europeias. "Este é um debate que está a acontecer para o pós-2027, mas as eleições europeias são um momento fundamental para reafirmar a necessidade de compromissos e posições concretas em relação a esta matéria", considera.
Vasco Cordeiro salienta ainda a futura realização da décima Cimeira Europeia das Regiões e dos Municípios: "acontecerá em março do próximo ano, em Mons, na Bélgica, no contexto da presidência belga da UE". Este momento coincide também, revela, "com o trigésimo aniversário do Comitê das Regiões, que exatamente em Março de 1994 teve a sua primeira sessão plenária".