Estudantes e ativistas manifestam-se na "Cidade das 500 Cúpulas" em solidariedade com a flotilha humanitária intercetada por Israel. Antes do jogo da Liga dos Campeões entre Nápoles e Sporting também se registaram confrontos entre adeptos e reforço policial.
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Nápoles parece, esta quarta-feira, uma panela de pressão: aos confrontos entre adeptos antes da Liga dos Campeões entre o Sporting e o Nápoles juntam-se manifestações em solidariedade com a flotilha humanitária intercetada por Israel.
Duas horas depois de o Sporting anunciar a "Missão Nápoles" nas redes sociais, dezenas de ultras napolitanos cercaram os adeptos leoninos, num encontro hostil que obrigou à intervenção policial e à mobilização de autocarros para retirar os portugueses em segurança. Um adepto sportinguista teve de ser hospitalizado, sem risco de vida.
Na noite anterior, os mesmos grupos de ultras já tinham gerado desacatos junto ao hotel do Sporting, obrigando a polícia italiana a reforçar a vigilância em vários pontos da cidade. De acordo com a imprensa local, algumas lojas e restaurantes foram alvo de pilhagens, resultando na detenção de seis adeptos napolitanos.
Enquanto isso, estudantes e ativistas tomaram as ruas em protesto contra a interceção da flotilha humanitária Global Sumud, que se dirigia à Faixa de Gaza e foi intercetada pelas forças navais israelitas. Entre os detidos estão a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte. A organização da flotilha denunciou a ação como "ilegal" e exigiu a libertação imediata de todos os participantes.
A Estação Central foi bloqueada por manifestantes, interrompendo linhas ferroviárias regionais e de alta velocidade. Estudantes dos coletivos Collettivo Autorganizzato Universitario e Ecologia Politica tomaram os edifícios universitários, como o Departamento de Letras da Universidade Federico II e a sede da Università L'Orientale, afirmando que a missão humanitária "não é uma provocação, mas uma ação civil contra a omissão dos governos".
No meio desta tensão dupla, o jogo entre Sporting e Nápoles decorre no Estádio Diego Armando Maradona, sob forte vigilância policial. Adeptos e manifestantes vivem uma noite em que futebol e política se cruzam de forma inesperada, numa Nápoles marcada por convulsão e solidariedade.