
Este é o segundo caso de um navio com imigrantes deixado à deriva
Antonino Condorelli/REUTERS
Um navio abandonado pela sua tripulação, com 450 migrantes, chegou na noite de sexta-feira ao porto italiano de Corigliano, escoltado pela Marinha do país, 48 horas depois de uma operação similar que envolveu outras 800 pessoas.
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Em menos de 48 horas, a Marinha italiana teve de intervir para socorrer navios carregados com migrantes e abandonados nas proximidades das costas de Itália.
O Ezadeem, navio com 73 metros de comprimento, matriculado na Serra Leoa e destinado ao transporte de animais, entrou no porto calabrês do sul de Itália cerca das 23 horas locais (22 horas de Portugal continental).
A Marinha informou que estão 450 migrantes a bordo -- homens, mulheres e crianças --, sem detalhar as nacionalidades, mas a imprensa italiana divulgou que eram todos de nacionalidade síria.
O navio tinha sido detetado na noite de quinta-feira, aparentemente em dificuldades, a cerca de 150 quilómetros ao largo de Crotone, na Calábria.
Os guarda-costeiros italianos adiantaram que o Ezadeen tinha partido da Turquia. Porém, o sítio na internet especializado em tráfego marítimo marinetraffic.com contrapõe que a embarcação teria saído do porto cipriota de Famagusta, situado na zona sob controlo turco, depois de ter partido de Tartus, na Síria.
Dois dias antes, a mesma situação ocorreu com outro cargueiro, também abandonado pela tripulação, o Blue Sky M, que transportava cerca de 800 pessoas.
Este navio, que tinha pavilhão moldavo, chegou na quarta-feira a Gallipoli.
Há vários anos que a Itália assiste a um fluxo crescente de migrantes que procuram chegar à Europa, pelo Mediterrâneo, com risco da própria vida, a um ritmo de 400 chegadas por dia. Mais de metade destes migrantes são sírios ou eritreus.
A grande maioria chega em barcos pneumáticos ou pesqueiros velhos, saídos da Líbia, onde o caos que se seguiu à queda de Kadhafi deixa o campo livre aos traficantes.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) sublinhou na sexta-feira que os traficantes parecem ter optado por 'economias de escala' que lhes permitem ganhos avultados com uma única viagem e uma única nacionalidade.
Com pagamentos de mil a dois mil dólares (833 a 1,7 mil euros), uma viagem como a do Blue Sky M pode render cerca de um milhão de dólares, o que permite alugar navios e tripulações, segundo a OIM.
