Os níveis de radiação na central nuclear de Fukushima Daiichi começaram a baixar, após uma explosão e fuga radioactiva no reactor número 1. Entretanto, problemas no sistema de arrefecimento de emergência do reactor número 3 obrigaram à libertação controlada de vapor radioactivo.
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Uma explosão ocorreu, este sábado, perto do reactor número 1 da central nuclear de Fukushima Daiichi (no Norte de Tóquio), levando a uma fuga radioactiva, na sequência do forte sismo que devastou o Japão.
A Agência Nuclear japonesa afirma que a explosão não danificou a estrutura de protecção do reactor e que a fuga radioactiva é reduzida. Peritos nucleares afastam a possibilidade de se repetir um desastre idêntico ao de Chernobyl e, entretanto, a Agência Internacional da Energia Atómica, afirmou que o Japão terá controlado o problema, não existindo quaisquer danos no núcleo do reactor, e que os níveis de radiação começaram a baixar.
Segundo a Agência de Segurança Nuclear do Japão, a explosão ocorreu às 15.36 horas locais (6.36 horas em Portugal continental) e feriu quatro funcionários.
Na sequência da explosão, as autoridades japonesas aumentaram para 20 quilómetros o raio da zona evacuada em torno das centrais nucleares de Fukushima (Daiichi e Daini), levando à deslocação de cerca de 200 mil pessoas. O Governo japonês tem reafirmado que os níveis de radiação são relativamente baixos, já que a explosão destruiu o edifício principal mas não danificou o invólucro do reactor e dizem que o nível do incidente é inferior aos de Chernobyl ou de Three Mile Island.
A explosão ocorreu quando a empresa Tokyo Electric Power Co (TEPCO) tentou gradualmente libertar pressão do reactor número 1 após o sistema de arrefecimento ter ficado danificado e a pressão no interior do edifício ter atingido mais do dobro da capacidade admissível. A libertação de pressão resultou na emissão de radiações para a atmosfera.
A TEPCO, após ter recebido aprovação do Governo (cerca das 11.20 horas em Portugal continental), começou a encher o reactor danificado com água do mar e ácido bórico de forma a arrefecê-lo e evitando que este entre num estado crítico.
O reactor número 3 sofreu também danos causados pelo sismo o que afectou o sistema de refrigeração de emergência, que deixou de funcionar. Devido a este problema, a central necessita urgentemente de fornecer água ao reactor, informou um responsável da Agência Nuclear japonesa.
A Agência japonesa de Segurança Nuclear e Industrial classificou o incidente no nível 4 da escala de acontecimentos nucleares e radiológicos (INES, cujo máximo é 7), o que equivale a dizer que se trata de um problema que não tem riscos importantes fora do local.
Medidas de segurança
As autoridades estão a adoptar "todas as medidas para assegurar a segurança dos habitantes", afirmou o porta-voz do governo, Yukio Edano, durante uma conferência de Imprensa.
Segundo a agência Kyodo, a dose de radioactividade recebida por um indivíduo no local do sinistro corresponde à que uma pessoa pode absorver no máximo num ano para evitar pôr em perigo a sua saúde.
Uma das forma de protecção humana contra a radioactividade é a ingestão de iodo, solução que as autoridades japonesas já começaram a preparar. De acordo com a agência France-Presse, estão já a ser feitos preparativos para iniciar a distribuição do fármaco.
Vários peritos citados pela AFP têm confirmado o tipo de explosão, afirmando que esta foi claramente de "origem química, ligada à presença de hidrogéneo" e que nada tem a ver com o tipo de explosão nuclear que aconteceu em Chernobyl.
Radioactividade acima do normal
A televisão nipónica mostrou imagens de uma nuvem de fumo branco por cima da central nuclear e anunciou que o nível de radioactividade se elevou 20 vezes acima do normal.
Entretanto, o tecto e as paredes do edifício do reactor de Fukushima desmoronaram-se, refere ainda a NHK.
As autoridades locais tinham ordenado, na sexta-feira, a evacuação da zona num raio de dez quilómetros em redor da central.
Na sequência da explosão, a televisão pública NHK aconselhou os japoneses a manterem-se em casa e a fecharem as janelas num perímetro "mais amplo do que os dez quilómetros da zona evacuada".
Peritos e jornalistas da cadeia de televisão também aconselharam as pessoas que estão no exterior a proteger as vias respiratórias com um pano molhado e a taparem-se ao máximo para evitar o contacto directo da pele com o ar.
Nove pessoas já revelaram sinais de exposição a radiação e as autoridades estimam que entre 70 a 160 pessoas tenham sido afectadas.
Entretanto, a polícia nacional japonesa avançou um novo balanço do sismo de sexta-feira, elevando o número de mortos para cerca de 900.