Novos confrontos deflagraram, esta quarta-feira, no Cairo, entre manifestantes e forças antimotim, numa altura em que uma mobilização inédita contra o Governo ameaça transformar-se numa nova revolução, quase dois anos depois da queda de Hosni Mubarak.
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Os manifestantes contestam a decisão do presidente islamita, Mohamed Morsi, de se dotar de poderes excecionais até à entrada em vigor de uma nova Constituição.
A adesão aos protestos, esta quarta-feira, no Cairo, em Alexandria e na maioria das 27 províncias do Egito constitui a maior mobilização até agora contra o presidente.
No Cairo, a polícia lançou gás lacrimogéneo na praça Tahrir, onde muitas centenas de manifestantes passaram a noite após uma manifestação contra a intenção de Morsi.
Os confrontos que vinham a acontecer nas ruas em torno da praça, nomeadamente perto da embaixada norte-americana, acabaram por invadir a famosa praça.
Nos arredores da praça, confrontos esporádicos continuam, pelo nono dia consecutivo, naquilo que começou como um protesto para assinalar um ano sobre violentos confrontos com a polícia na mesma zona.
Segundo a agência oficial de notícias Mena, os manifestantes lançaram pedras contra os polícias, que por seu lado responderam com gás lacrimogéneo.
A praça, que esteve fechada durante seis dias, foi parcialmente aberta ao trânsito, enquanto algumas pessoas continuaram acampadas no local pelo quinto dia consecutivo.
Na noite de terça-feira, os manifestantes na Tahrir e em outras praças contestaram o domínio islamita e exigiram a anulação da declaração constitucional que blinda os poderes de Morsi.
Várias sedes da Irmandade Muçulmana e do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), a que pertencia Morsi até assumir a presidência, foram atacadas pelos manifestantes, denunciou hoje o grupo islamita.
Pelo menos 200 membros da Irmandade ficaram feridos durante os assaltos desta noite em Mahalla e Port Said, adiantou o grupo na Internet.
O grupo acusou membros do partido de ex-Presidente egípcio Hosni Mubarak, entretanto dissolvido, e membros de formações liberais como o Partido da Constituição, do Nobel da paz Mohamed el Baradei, de tentarem entrar nos seus escritórios.
Pelo menos três pessoas morreram na última semana em confrontos entre polícia e manifestantes.