No meio de tantas polémicas que o enterraram até ao pescoço, o rapper Kanye West anunciou que tenciona candidatar-se às presidenciais de 2024, nos EUA. Sem surpresas, quer levar consigo personalidades controversas e ultraconservadoras.
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É só mais uma semana na vida atribulada de Kanye West. O rapper norte-americano - cujas declarações e comportamentos dos últimos tempos transformaram em ativo tóxico aquele que era por muitos considerado um génio musical e ícone de moda - anunciou, esta sexta-feira, que planeia candidatar-se, outra vez, à presidência dos Estados Unidos da América, em 2024. Outra vez porque West, que recentemente mudou o nome para Ye, já tinha entrado na corrida à Casa Branca em 2020 (conseguiu 70 mil votos em todo o país).
A intenção foi avançada num vídeo publicado no Twitter, rede social a que voltou recentemente depois de uma temporada suspenso, em que West adianta ainda que convidou Donald Trump para ser o seu candidato a vice-presidente, o que terá deixado o ex-presidente e anunciado candidato às próximas eleições, "perplexo". "Pôs-se a gritar comigo na mesa. Disse que eu ia perder. Algum dia na História isso funcionou com alguém?", contou Kanye, sobre o recente encontro com Trump, na propriedade do ex-chefe de Estado em Mar-a-Lago, na Florida, onde foi visto na companhia de Nick Fuentes, conhecido neonazi e figura influente entre o flanco direito do Partido Republicano.
Além de Trump e Fuentes, as figuras controversas com quem Kanye parece identificar-se não ficam por aqui: o rapper sugeriu que terá ao seu lado o comentador de extrema-direita Milo Yiannopoulos, conhecido pelas opiniões provocadoras de teor ultraconservador sobre raça e religião, e por relativizar a pedofilia e crimes sexuais.
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No mesmo vídeo, Kanye também diz ter questionado Donald Trump sobre o facto de não ter "agido para ajudar judicialmente quem invadiu o Capitólio", o que não poderia ter feito, uma vez que a maioria dos invasores só foi presa depois da tomada de posse de Joe Biden, e acusa ainda o republicano de ter dito algumas coisas desagradáveis (sem detalhar quais) sobre Kim Kardashian, ex-mulher do rapper. Alegação que não deixa de ter uma dose de ironia à mistura, tendo em conta que a empresária e socialite de 42 anos foi por várias vezes ofendida pelo próprio West, com quem tem quatro filhos em comum e com quem tido relações atribuladas desde que pediu o divórcio, no início do ano passado.
Comentários ofensivos e polémicas desde 2009
Além da perseguição pública que tem feito à ex-mulher, com vários ataques nas redes sociais, o rol de escândalos que Kanye soma é longo e não é de agora (basta recordar a interrupção do discurso de Taylor Swift nos MTV Video Music Awards de 2009 e o momento em que descreveu 400 anos de escravatura nos EUA como uma "escolha", em 2018).
Mais recentemente, envergou uma t-shirt com o slogan "White Lives Matter" (Vidas brancas importam), usado pela extrema-direita norte-americana, e acusou o movimento antirracista "Black Lives Matter" (Vidas negras importam) de ser um "embuste", tendo inclusivamente questionado a morte de George Floyd, dizendo que não morrera agredido por polícias mas sim por estar "drogado". Mas foram as declarações antissemitas (pelas quais entretanto se desculpou) que provocaram uma debandada das marcas com ligações ao rapper (com processos à mistura). Juntou-se ainda uma carta entretanto divulgada por antigos trabalhadores da Yeezy (marca de roupa do artista em parceria com a Adidas) a denunciar intimidações e comentários inapropriados de natureza sexual por parte de West.
De acordo com a missiva, enviada aos executivos da marca alemã e obtida pela revista "Rolling Stone", o artista que lançou "Donda" no ano passado terá mostrado pornografia "hardcore" durante o horário de trabalho e exibido imagens íntimas da antiga companheira, provocando um ambiente "caótico" e "tóxico" que destruía os limites dos colaboradores e os atirava para licenças sem vencimento, baixas médicas e despedimentos.
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