Maio e junho são os meses em que as associações de emigrantes organizam as maiores festas e recolhem fundos para apoiar causas sociais nas terras de origem. Para quem vive no interior de Portugal, essa ajuda é determinante. História daquilo que não se vai conseguir fazer por causa da pandemia.
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Estavam dois porcos encomendados para assar no espeto, contratos assinados com uma banda de concertinas, outro com os DJs que haveriam de dar som ao bailarico até às três da manhã. O pavilhão do Hall Polyvalent de Schifflange, no Luxemburgo, estava marcado há meses, e Amândio Matos andava agora a tratar de arranjar mesas, pratos e talheres para os 500 a 600 comensais que esperava para o repasto. "Custou um bocado ligar a esta gente toda a cancelar as encomendas e os preparativos", diz o presidente da associação Amigos Emigrantes no Luxemburgo. "Mas não há nada que me tenha doído mais do que telefonar à mãe do Henrique a dizer que tínhamos de adiar o jantar."
Era para 20 de junho que estava marcado o convívio. Como todos os eventos organizados pela associação, era um jantar solidário, em que os fundos reverteriam a favor de uma criança com um problema grave de saúde. Neste caso Henrique Viriato, um rapaz de seis anos que vive em Figueira dos Cavaleiros, uma freguesia de 1.300 habitantes em Ferreira do Alentejo, e que sofre de paralisia infantil com um grau de 60% de incapacidade.
"O objetivo era pagar-lhe uma sessão de terapia intensiva de um mês numa clínica especializada em Espinho, que custa mais de cinco mil euros. Os pais contactaram-nos porque nos últimos três anos têm lutado para dar alternativas ao filho. Vimos os relatórios médicos e os apoios que tinham, consultámos as autoridades locais e os terapeutas. Os tratamentos estão de facto a contrariar o diagnóstico inicial, que condenava a criança a uma cadeira de rodas e a não poder falar", diz Amândio Matos. Abre um dossier onde tem os casos das crianças que apoia. "Percebemos que aqueles pais estavam mesmo a precisar de ajuda", conta.
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