As Nações Unidas divulgaram um relatório no qual acusam as forças ucranianas e os separatistas pró-russos de torturas, raptos e assassínios de civis no leste da Ucrânia.
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A ONU estima que, nos oito meses de conflito, 4634 pessoas foram mortas e 10234 feridas, embora no relatório divulgado, esta segunda-feira, considere "provável que o verdadeiro número de vítimas seja consideravelmente mais alto".
Os peritos da ONU consideram por outro lado que a vida dos cerca de 5,2 milhões de habitantes do leste do país vai piorar com o inverno dado que, devido aos estragos nas infraestruturas locais, a maior parte das habitações não tem água nem aquecimento.
"A situação está a tornar-se extremamente difícil para a população, especialmente os idosos, as crianças e as pessoas institucionalizadas, muitas das quais estão no limiar da sobrevivência", lê-se no relatório sobre direitos humanos.
O documento aponta responsabilidades tanto às forças militares ucranianas como aos rebeldes pró-russos.
"Os esforços do governo para salvaguardar a integridade territorial da Ucrânia e restaurar a lei e a ordem na zona de conflito foram acompanhados de detenções arbitrárias, torturas e desaparecimentos forçados de pessoas suspeitas de 'separatismo e terrorismo'", afirmam os peritos da ONU.
"A maioria dessas violações de direitos humanos parece ter sido perpetrada por alguns batalhões de voluntários ou pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (serviços de informações)", acrescentam.
Os separatistas, por seu lado, criaram um "Estado criminoso" em partes das zonas que controlam nas regiões de Donetsk e Lugansk com a ajuda de "combatentes estrangeiros", uma referência a forças russas cuja participação no conflito é negada por Moscovo.
"À medida que a lei e a ordem deixaram de ser respeitadas, mais abusos, como assassínios, torturas, raptos e trabalhos forçados, foram sendo cometidos por membros de grupos armados, apoiados por um número crescente de combatentes estrangeiros", sustentam.
O relatório da ONU refere ainda que se registaram "progressos limitados" na investigação pedida ao governo ucraniano de mais de 300 casos de bombardeamento indiscriminado de zonas residenciais descritos por observadores internacionais no terreno.