O Conselho de Segurança da ONU exigiu, esta sexta-feira, que os militares golpistas na Guiné-Bissau libertem imediatamente Carlos Gomes Júnior e Raimundo Pereira, líderes políticos detidos no golpe de quinta-feira.
Corpo do artigo
Em declaração aprovada esta sexta-feira, a que a Lusa teve acesso após uma manhã de discussões nas Nações Unidas, os 15 países membros do Conselho de Segurança expressam "forte condenação pela tomada do poder pela força por alguns elementos das Forças Armadas" e "denunciam esta incursão dos militares na política".
A declaração apela aos militares para "assegurarem a proteção e segurança do presidente interino Raimundo Pereira, do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior e de outros altos responsáveis atualmente detidos" e "exigem a sua libertação imediata".
Togo, Portugal e África do Sul conduziram os esforços, com caráter de urgência, de elaboração desta reação do Conselho de Segurança.
Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.
A ação foi justificada esta sexta-feira, em comunicado, por um auto-denominado Comando Militar, cuja composição se desconhece, como visando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos chefes do Estado interino e do Governo.
A mulher de Carlos Gomes Júnior disse, esta sexta-feira, que ele foi levado por militares na noite do ataque e encontra-se em parte incerta, bem como o Presidente interino, Raimundo Pereira.
Na declaração de imprensa hoje aprovada, os membros do Conselho de Segurança exigem o "imediato restauro da ordem constitucional e do governo legítimo, para permitir a conclusão do processo eleitoral em curso, incluindo eleições legislativas".
Saúdam o "envolvimento e os esforços" dos parceiros internacionais, nomeadamente da comunidade regional (CEDEAO), CPLP, União Africana e da missão militar bilateral angolana (Missang) para procurar a "paz e estabilidade" na Guiné-Bissau.
A declaração afirma ainda que os membros do Conselho de Segurança vão continuar a "seguir de perto" a situação do terreno, sem especificar possíveis ações a tomar caso as exigências e apelos na direção de Bissau não sejam ouvidos.
Pedem ainda a todas as partes na Guiné-Bissau para exercerem "máxima contenção, absterem-se de violência e permanecerem calmos".
A aprovação da declaração foi precedida de um briefing ao Conselho de Segurança pelo secretário-geral adjunto Taye-Brook Zerihoun, que afirmou que a situação em Bissau está em "evolução rápida", segundo relatou a presidente do organismo, a diplomata norte-americana Susan Rice.
O mesmo responsável apelou ainda à mobilização da comunidade internacional para acabar com a "violência e impunidade" em Bissau.
Zerihoun afirmou ainda, segundo Rice, que "não é fácil confirmar as informações" que chegam de Bissau, sendo "incerto o paradeiro" do primeiro-ministro cessante e do Presidente interino incerto, detidos pelos golpistas.