O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) apelou à França para que "resolva rápida e seriamente" os problemas de racismo e de discriminação racial no seio das forças policiais.
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O apelo surge três dias após a morte de um adolescente francês de 17 anos abatido a tiro por um agente da polícia em Nanterre, nos arredores de Paris, e que está na origem de três noites consecutivas de tumultos em França.
Nahel foi morto, na terça-feira, com um tiro no peito durante um controlo de trânsito depois de se recusar a obedecer. A idade mínima para conduzir legalmente é 18 anos.
"Chegou o momento de o país abordar seriamente os problemas profundamente enraizados do racismo e da discriminação racial entre os agentes da autoridade", disse Ravina Shamdasani, porta-voz do ACNUDH, numa conferência de imprensa em Genebra.
Pelo menos 667 pessoas foram detidas em França, na última noite, a terceira de protestos, de acordo com dados do Ministério do Interior francês.
"Apelamos às autoridades para que garantam que o uso da força pela polícia para enfrentar elementos violentos durante as manifestações respeita sempre os princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, não discriminação, precaução e responsabilidade", sublinhou a porta-voz.
Ravina Shamdasani manifestou também a sua preocupação com a violência que eclodiu após a morte do jovem. "Sabemos que houve muitos saques e violência, por parte de certos elementos que utilizam as manifestações para esses fins, e que um grande número de polícias também ficou ferido", disse.
A porta-voz do ACNUDH sublinhou que é precisamente por isso que apela "a todas as autoridades" para que, "mesmo que haja elementos claramente violentos nas manifestações", é "fundamental que a polícia respeite sempre os princípios da legalidade, da necessidade, da proporcionalidade, da não discriminação, da precaução e da responsabilidade".
Numa mensagem publicada no Twitter, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, garantiu que foram dadas instruções às forças de segurança para manterem "firmeza".
Foi igualmente divulgado, pelo governo francês, que 249 policias ficaram feridos na última noite de confrontos.
O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou para hoje uma nova reunião de crise e encurtou a presença em Bruxelas, onde se encontra a participar numa cimeira europeia, para regressar a Paris.
O agente da polícia suspeito da morte do jovem, acusado de homicídio, foi detido e vai ficar em prisão preventiva.