Polícia Metropolitana de Londres será auxiliada por atiradores profissionais e, pela primeira vez, fará uso de reconhecimento facial para prevenir eventuais casos de terrorismo.
Corpo do artigo
Além de toda a pompa e circunstância em que a cidade de Londres está envolta devido à coroação do rei Carlos III, o evento - que já não ocorre desde 1953, quando Isabel II assumiu o trono britânico - ficará na História do Reino Unido por implicar uma das maiores operações de segurança de sempre, denominada "Esfera Dourada". Menos de 24 horas antes da celebração, intensificaram-se os preparativos para o grande dia, cujo incessante ruído dos helicópteros, as enormes estruturas de segurança e os milhares de polícias que se espalham pelas principais artérias da capital não permitem menosprezar o momento. Para hoje, o cordão de proteção adensa-se. De cães a atiradores profissionais, está tudo planeado ao milímetro para que nenhum plano saia frustrado.
Ainda que nos últimos dias tenha sido praticamente impossível andar por Londres sem cruzar com agentes da polícia, hoje - dia em que Carlos e Camila vão ser coroados perante mais de 2200 convidados, entre os quais o presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa -, os níveis de segurança explodem. Mais de 29 mil agentes nas ruas para garantir que nenhum incidente atrapalha a ocasião pela qual o herdeiro de Isabel II esperou mais de 70 anos.
Fiscalização pessoal
A Polícia Metropolitana de Londres vai contar com o apoio de unidades especiais constituídas por atiradores de alta precisão - que estarão posicionados nos pontos mais altos dos edifícios junto aos quais irá passar o cortejo dos monarcas - com capacidade para monitorizar metralhadoras Heckler e Koch MP5. As autoridades irão ainda contar com a presença de veículos de resposta de prontidão, que nos últimos dias já têm realizado uma vasta fiscalização nas zonas onde se localizam mais pessoas, tendo intervindo junto de indivíduos que mostram ter um comportamento suspeito, através da revisão de itens pessoais.
Ao longo do dia de festejos, as equipas de segurança no local irão realizar verificações aleatórias de explosivos, recorrendo a cães farejadores, enquanto um esquadrão de oficiais a cavalo tem o dever de inspecionar o The Mall, avenida que liga o Palácio de Buckingham ao Arco do Almirantado, estando ainda encarregue de acompanhar a procissão que vai acontecer antes e depois da coroação.
Esta é a terceira grande operação de segurança que a Polícia Metropolitana assume em menos de um ano - as duas últimas ocorreram em junho, aquando das celebrações do Jubileu de Platina de Isabel II, e em setembro, quando se realizou o funeral da antiga monarca. As autoridades estão em alerta máximo para o potencial de uma ameaça maior, com receio que a cobertura global do evento possa ser usada para divulgar atos criminosos ou ações terroristas.
Medida causa polémica
Para prevenir que tal aconteça, os comissários irão ainda fazer, pela primeira vez, uso de tecnologia de reconhecimento facial para identificar indivíduos suspeitos que se possam tentar misturar com a multidão. No entanto, o método usado está a ser alvo de inúmeras críticas por parte de vários grupos de privacidade, o que, a juntar à desaprovação pelo facto do evento real ser pago com dinheiro público, ensombra o grande dia de Carlos e Camila.
Relativamente à segurança aérea, esta será assegurada por três helicópteros da Unidade de Apoio Aéreo da Polícia Metropolitana, que será ainda amparada por quatro aviões Vulcan 68R, pertencentes ao Serviço Aéreo da Polícia Nacional.
Uma nova legislação aprovada no Reino Unido prevê penas de prisão até um ano para manifestantes que bloqueiem estradas, aeroportos ou ferrovias, porém, o regulamento não impedirá protestos no dia da coroação, frisou o Governo. Uma das manifestações com maior dimensão está a ser planeada para hoje pelo grupo "Republic", uma organização que defende a instituição de um Estado republicano e a abolição total da monarquia.