O advogado bielorrusso Maxime Znak, um dos últimos membros do Conselho de Coordenação da oposição no país ainda em liberdade, foi detido esta quarta-feira por homens encapuzados, disseram colaboradores políticos.
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"Maxime Znak era esperado no gabinete para participar numa videoconferência mas não apareceu. Só conseguiu enviar a mensagem: 'mascarados'", indicou o serviço de imprensa do grupo da oposição a que pertence através do sistema de mensagens eletrónico Telegram.
A mensagem de alerta incluía também uma foto do advogado no momento da detenção por homens com passa-montanhas e um indivíduo vestido à civil.
O jurista de 39 anos é um dos sete membros da direção do Conselho de Coordenação, organismo formado para preparar "a transição do poder" na Bielorrússia.
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Maxime Znak era um dos poucos dirigentes que se encontrava ainda em liberdade porque os restantes elementos do conselho foram presos ou obrigados a fugir do país.
A escritora e jornalista Svetlana Alexievitch, Prémio Nobel da Literatura, também faz parte do organismo mas de acordo com as últimas informações não foi detida até ao momento.
A prisão do advogado ocorre um mês após o início do movimento de contestação sem precedentes na Bielorússia e que denuncia fraudes nas eleições presidenciais que renovaram o mandato de Alexandr Lukashenko, que se encontra no poder desde 1994.
A principal candidata da oposição, Svetlana Tikanovskaia, encontra-se exilada na Lituânia desde agosto.
Apesar da repressão contra as manifestações e da pressão que está a ser exercida contra a oposição, a contestação continua mobilizada tendo-se realizado no domingo manifestações de protesto nas principais cidades do país.
Se a polícia e os serviços especiais de segurança (KGB) não confirmarem a prisão de Znak, o cenário de desaparecimento corresponde ao que tem acontecido a outros membros da oposição que foram interpelados nas últimas semanas e dias por homens não identificados.
Geralmente, o KGB (a designação da antiga polícia política soviética foi mantida pelo regime da Bielorrússia) acaba por anunciar as detenções ou o exílio dos opositores dois dias depois dos desaparecimentos forçados.
Esta semana, a dirigente da oposição Maria Kolesnikova foi presa quando tentava cruzar a fronteira em direção à Ucrânia.