Milhares de opositores e simpatizantes do presidente Hugo Chávez e das suas intenções de instalar no país um regime de "socialismo do século XXI" saíram às ruas de Caracas, em duas grandes marchas que se iniciaram há minutos.
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Com o apoio das principais emissoras de rádio e televisões privadas do país a oposição marcha desde o Centro Lido (leste de Caracas) até à sede da Procuradoria Geral da República (centro) onde prevê entregar um documento condenando as intenções da procuradora Luísa Ortega Díaz de criminalizar o direito dos venezuelanos a protestar e pela liberdade de presos políticos, entre eles o perfeito de Caracas, Richard Blanco.
A 29 de Agosto último Luísa Ortega Díaz acusou os opositores de Hugo Chávez de marcharem com a intenção de desestabilizar o governo e advertiu que levará a julgamento todos os que alterem a ordem pública.
"Anuncio que o Ministério Público não vai permitir que isto continue. Quem altere a tranquilidade e a paz pública para produzir instabilidade nas instituições, desestabilizar o governo e quem atente contra o sistema democrático vai ser levado a julgamento. Serão não só aos autores materiais mas também os autores morais", disse.
A oposição reagiu e garante que não se deixarão intimidar pelas ameaças da procuradora.
"Nada nem ninguém nos intimidará. A acção de hoje (marcha) é para denunciar todos os atropelos e perseguições que este governo (de Hugo Chávez) vem fazendo contra a sociedade, contra quem se atreve a expressar e a reclamar, a exigir que se cumpram os direitos consagrados na Constituição, que são iguais para todos", explicou Ismael Garcia, secretário-geral de "Podemos", um dos partidos que apoiaram Hugo Chávez passando depois a engrossar as filhas da oposição.
Em sentido contrário, milhares de simpatizantes do regime do presidente Hugo Chávez marcham desde Cátia (oeste de Caracas) até à Casa Amarilla (centro) sede do gabinete do ministro de Relações Exteriores (Nicolás Maduro), para demonstrar o seu apoio ao "processo revolucionário" liderado pelo presidente Hugo Chávez.
Segundo Freddy Bernal, militante do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e ex presidente da Câmara Municipal de Libertador, uma representação daquela organização partidista entregará um documento reafirmando o apoio ao "processo bolivariano" e condenando a decisão da vizinha Colômbia de permitir a instalação de bases militares norte-americanas no país.
Vestidos de vermelho, a cor da revolução, a manifestação "chavista" conta com o apoio dos meios de comunicação social estatais, entre eles as estações de televisão VTV, VIVE e Ávila Tv.
Em ambos casos os participantes estão alerta até mesmo quanto à aproximação de jornalistas, não faltando o interrogatório de "para qual órgão trabalhas?". Nas marchas opositoras é perceptível a animosidade contra jornalistas que trabalham para meios de comunicação estatais.
Uma situação idêntica acontece com as marchas do "oficialismo" (simpatizantes do regime oficial) que chegam a acusar de "golpistas", "imperialistas" e "traidores da pátria" os jornalistas que trabalham para meios de comunicação social privados.