O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) moçambicano manteve hoje o compromisso de respeitar o prazo de 15 dias para a divulgação dos resultados finais das eleições gerais, apesar de problemas relacionados com o apuramento dos votos.
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"É prematuro avançar com a ideia de que os prazos para a divulgação dos resultados poderão estar comprometidos. Estamos a trabalhar com o horizonte legal de 15 dias para o anúncio dos resultados finais", disse, em declarações à Lusa, o porta-voz do STAE, órgão operativo dos processos eleitorais em Moçambique, Lucas José.
A mesma fonte adiantou que os órgãos eleitorais de nível distrital onde surgiram problemas na contagem dos votos estão a trabalhar para ultrapassar a situação.
O apuramento dos resultados ao nível distrital conheceu durante o fim de semana atrasos e problemas em vários pontos do país, incluindo contagens finalizadas mas não afixadas em vários distritos das províncias de Sofala e da Zambézia, informou hoje o boletim do processo político em Moçambique, publicado pelo Centro de Integridade Pública (CIP) e Associação dos Parlamentares Europeus em África (AWEPA).
Segundo o boletim, que conta com uma rede de 150 jornalistas em todo o país, o apuramento esteve interrompido no fim de semana no distrito de Mocuba, na Zambézia, devido ao desaparecimento de sete editais para a Assembleia Provincial e de 16 para as legislativas, e na cidade de Tete, capital da província com o mesmo nome, aconteceu o oposto, ao surgirem 234 editais quando apenas existiam 178 mesas de votação.
Ao apuramento distrital, segue-se o escrutínio ao nível de cada uma das onze províncias do país, o que pode demorar mais cinco dias, antes do anúncio dos resultados oficiais preliminares pelas entidades eleitorais centrais, em Maputo, que ocorre até 15 dias após a votação, ou seja, até 30 de outubro.
Apesar de o STAE ter interrompido na sexta-feira a divulgação de resultados nacionais, enquanto decorrem os apuramentos distritais e provinciais, dados publicados pelo jornal estatal Domingo com base nas entidades eleitorais davam conta de que Filipe Nyusi conservava a liderança na contagem das presidenciais, quando estavam processadas mais de metade das mesas de votação.
Nyusi seguia à frente, com 62,13% dos votos, seguido de Afonso Dhlakama, presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), com 31,06%, e de Daviz Simango, líder do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), com 6,81 por cento.
O jornal não fazia referência aos resultados das legislativas, remetendo para uma projeção do Observatório Eleitoral, a maior entidade de observação da votação de quarta-feira, que hoje atualizou os seus dados, dando 57% à Frelimo, 32% à Renamo e 10% ao MDM, e prevendo uma abstenção de 51 por cento.
Mais de dez milhões de moçambicanos foram chamados a escolher um novo Presidente da República, 250 deputados da Assembleia da República e 811 membros das assembleias provinciais.
No escrutínio concorreram três candidatos presidenciais e 30 coligações e partidos políticos.