A primeira-ministra britânica, Theresa May, conseguiu a aprovação, pelo seu Governo, de um rascunho de acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), mas a aprovação do texto no Parlamento está longe de garantida. A contestação que existe dentro do Governo, do Partido Conservador e da oposição pode dar origem a vários cenários.
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Moção de censura no Partido Conservador a Theresa May
Deputados conservadores consideram que não têm mais confiança na primeira-ministra e líder do partido e pedem uma moção de censura. Para isto acontecer, Graham Brady, o presidente da Comissão 1922, responsável pela gestão das eleições internas no Partido Conservador, tem de receber cartas de 48 deputados, equivalente a 15% do grupo parlamentar de 315 deputados. Para a moção ser bem-sucedida e dar origem à demissão de May e à eleição de um novo líder do partido, 159 dos 315 deputados conservadores terão de votar a favor da moção.
Acordo é chumbado no Parlamento britânico
Após ser validado pelo Conselho Europeu, a 25 deste mês, o acordo terá um "voto significativo" na Câmara dos Comuns, no início de dezembro. A reação dos deputados na Câmara dos Comuns, anteontem, deu a entender que será difícil o texto passar. Se o governo perder a votação, tem 21 dias para fazer uma declaração sobre o que pretende fazer.
Falta de acordo
Se a primeira-ministra concluir que não é possível alcançar um acordo ou se as negociações continuarem mas não for alcançado um entendimento até 21 de janeiro, o Governo tem de fazer uma declaração no Parlamento e apresentar uma moção com um plano. Nessa altura, May pode entender que não tem condições para continuar em funções e demitir-se ou convocar eleições antecipadas.
Estender o artigo 50.º
O Governo pode pedir ao Conselho Europeu para estender o artigo 50.º para além de 29 de março de 2019 para ter mais tempo para chegar a um acordo que possa ser aprovado pelo Parlamento.
Eleições legislativas
Se May não conseguir apoio para o acordo, poderá convocar eleições antecipadas, mas precisa do apoio de dois terços do Parlamento. Ou o processo pode ser provocado por uma moção de censura no Parlamento com o apoio do próprio Partido Conservador.
Segundo referendo
A falta de apoio a um acordo de saída no Parlamento britânico e a perspetiva de um Brexit sem acordo pode provocar um impasse político. O Governo pode decidir que a única solução é pedir aos eleitores que decidam através de um novo referendo, que pode ou não incluir uma opção para permanecer na UE. Mas uma nova consulta popular teria de ser aprovada por uma maioria de deputados e muitos receiam a reação dos eleitores eurocéticos.