Calcula-se que dentro de cinco anos, o balanço das mortes indiretas causadas pelos atentados de 11 de setembro de 2001 ultrapasse o das vítimas dos ataques com quatro aviões desviados por terroristas.
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Estes, 2993, têm o nome inscrito no memorial que hoje ocupa o chão das Torres Gémeas do World Trade Center.
Os outros, não. São já mais de 1100, vítimas de cancros e outras doenças resultantes da exposição a cinzas, pó e fumo tóxico. Socorristas, trabalhadores, vizinhos. E estão oficialmente contabilizados no Programa de Saúde do World Trade Center mais de 37 mil doentes. Já há quem peça outro memorial, até porque estas são vítimas, também, da incúria das autoridades.
Marcy Borders é uma delas, talvez a mais conhecida. Era a "mulher no pó", uma das imagens que mais representou o terror da fuga de milhares de pessoas naquela manhã. Morreu em agosto de 2015, com cancro.
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Christine Todd Whitman é um dos rostos deste drama escondido. Não por estar doente, mas por ter sido a líder da Agência de Proteção Ambiental que garantido aos nova-iorquinos, a seguir aos atentados, que o ar de Manhattan era seguro. Esta semana, em entrevista ao jornal "The Guardian", pediu pela primeira vez desculpa. "Fizemos o melhor que pudemos com o conhecimento que tínhamos". Os destroços das torres ficaram conhecidos como "a pilha". Demoraram meses a serem limpos. Eram uma mistura explosiva de amianto, chumbo, vidro, metais pesados, cimento, gases venenosos, óleos, querosene e corpos mortos.
"Há muitas pessoas que estão muito, muito doentes com doenças pulmonares e que verão a sua esperança de vida encurtada em pelo menos dez anos. E já começámos a assistir a muito mais mortes prematuras - e entre jovens - devidas a cancros. Vai haver uma nova geração de viúvas e viúvos", alertou Jim Melius, conselheiro de saúde da Casa Branca e elemento do grupo 9/11 Health Watch.