O irredutível Putin voltou a dizer que as "operações" na Ucrânia só vão acabar se o país atender às exigências russas. Em Mariupol, a missão de retirar 200 mil pessoas falhou pelo segundo dia consecutivo, com as autoridades ucranianas a acusarem a Rússia de não cumprir o cessar-fogo temporário. Mais de 1,5 milhões de ucranianos já fugiram do país. Veja abaixo os principais pontos que marcaram este 11.º dia da invasão russa.
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- Depois do falhanço de sábado dos corredores humanitários em Mariupol e Volnovakh, o cessar-fogo adiado para hoje voltou a falhar. Na cidade portuária de Mariupol, no leste da Ucrânia, a passagem segura de civis ficou novamente "interrompida". A Cruz Vermelha confirmou que o objetivo de retirar cerca de 200 mil pessoas para fora da cidade não foi cumprido, "ressaltando a ausência de um acordo detalhado e funcional entre as partes em conflito". As autoridades ucranianas acusaram a Rússia de continuar a bombardear os corredores humanitários.
- O presidente ucraniano disse que as forças russas estão a preparar-se para bombardear a cidade costeira de Odessa, uma das maiores e mais estratégicas cidades da Ucrânia, localizada nas margens do mar Negro. Bombardear o principal porto do país, onde "os russos sempre foram bem acolhidos", seria um "crime de guerra", disse Volodymyr Zelensky a uma televisão ucraniana.
- O chefe de Estado ucraniano denunciou também, este domingo, que oito mísseis lançados pelas forças russas destruíram por completo o aeroporto regional da "pacífica" Vinnytsia, "uma cidade que nunca ameaçou a Rússia de forma alguma", considerou. Volodymyr Zelensky voltou a apelar às potências ocidentais que imponham uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia para evitar mais ataques russos - medida que seria considerada pela Rússia como "participação no conflito armado" e que, diz Putin, traria "consequências colossais e catastróficas não apenas para a Europa, mas para o mundo inteiro".
- A vila de Horanka, a cerca de 25 quilómetros de Kiev, também foi fortemente atingida por ataques russos. Veja as imagens do rasto de destruição, que está cada vez mais perto da capital.
- Os Estados Unidos anunciaram hoje estar "a trabalhar ativamente" para concertar com a Polónia o envio para a Ucrânia de aviões de guerra russos - pedidos por Zelensky, já que os ucranianos sabem pilotá-los. E o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que há "relatos muito credíveis" de ataques deliberados a civis na Ucrânia.
- A crise de refugiados na Ucrânia é a que regista um crescimento mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, disse a Organização das Nações Unidas (ONU). Mais de 1,5 milhões de pessoas fugiram do país nos últimos 10 dias. E, apenas no sábado, os guardas fronteiriços polacos registaram a passagem de 129 mil pessoas - o maior número num só dia desde o início da guerra.
- A Ucrânia está disponível para discutir "modelos não-NATO" (que não passem pela integração na aliança militar transatlântica) para o futuro do país, disse um dos responsáveis ucranianos envolvidos no processo de negociação com o lado russo.
- Vladimir Putin disse que o conflito só vai parar se a Ucrânia parar de lutar e atenderem às exigências da Rússia. Em conversa telefônica com o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, o homólogo russo também considerou que os negociadores da Ucrânia deveriam adotar uma abordagem mais "construtiva" nas conversas com Moscovo. Já O vice-primeiro-ministro britânico, Dominic Raab, declarou que podem passar anos até que Putin seja derrotado na Ucrânia e que quem achava que a crise poderia ser resolvida em dias estava "iludido".
- Falando aos fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco disse que o conflito na Ucrânia "não é uma operação militar, mas sim uma "uma guerra que semeia morte, destruição e miséria". O pontífice máximo da Igreja Católica pediu também o fim dos ataques armados, diálogo e respeito pelo direito internacional no país, com o estabelecimento de "corredores humanitários reais" para ajudar as populações.
- A Polícia russa deteve mais de 4300 pessoas, este domingo, em protestos por todo o país contra a invasão da Ucrânia, de acordo com uma organização independente de monitorização de manifestações.
- Más notícias para a imprensa livre: a BBC World News foi retirada do ar na Rússia e a Mediazona, um dos últimos meios de comunicação independentes restantes no país, disse que foi bloqueada pelas autoridades por causa das reportagens sobre a invasão da Ucrânia. No início desta semana, a estação de rádio Ekho Moskvy e o canal TV Dozhd - dois dos principais meios de comunicação liberais da Rússia - já tinham sido suspensos.
- Um órgão de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas disse que a equipa da central nuclear de Zaporizhzhia, que foi atacada e tomada pelas forças russas na madrugada de sexta-feira, continua a operar no local, mas destacou que essa gestão está agora sob as ordens do comandante das tropas invasoras.
- As associações de ucranianos em Portugal acreditam que já haverá mais de dois mil refugiados em território nacional e só o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) registou, em dez dias, 1528 pedidos de proteção temporária de ucranianos que abandonaram um país em guerra.
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