O "julgamento de fachada" em Donetsk e a cidade que decide o "destino do Donbass"
Severodonetsk está sob combates de rua intensos, mas a Ucrânia admite reconquistar posições nas cidades nos próximos dias, o que pode decidir o "destino do Donbass". Na República Popular de Donetsk, que é controlada por rebeldes pró-Rússia, dois britânicos e um marroquino, que lutavam com as forças armadas da Ucrânia, foram condenados à morte no que foi chamado um "julgamento de fachada", despertando preocupações internacionais. Os pontos-chave desta quinta-feira:
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- As forças ucranianas só controlam os arredores de Severodonetsk, mas a Ucrânia admitiu "reconquistar" posições na cidade em "dois ou três dias", após o uso das armas de artilharia "ocidentais" de longo alcance. Por outro lado, uma autoridade ocidental acredita que a cidade vai acabar por cair nas mãos dos russos. Petro Kuzyk, comandante do batalhão da Guarda Nacional de Svoboda, disse que os combates de rua estão a ocorrer sob forte artilharia russa que colocaram em perigo as tropas de ambos os lados. Segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, "a batalha por Severodonetsk é uma das mais difíceis desde o início da invasão russa" e "o destino do Donbass está a ser decidido lá".
- As forças pró-russas da autoproclamada república popular de Donetsk, reconhecida pelo Kremlin, anunciaram o início da batalha por Sloviansk que, juntamente com Kramatorsk, serão os principais objetivos russos no Donbass. Permanecem na cidade cerca de 24 mil habitantes.
- A Ucrânia está a ter entre 100 e 200 baixas militares por dia, segundo um conselheiro sénior de Zelensky. É o maior número estimado até agora. Por sua vez, o número de soldados russos mortos pode chegar a 20 mil, de acordo com a última avaliação de um alto funcionário ocidental.
- Dois britânicos e um marroquino capturados pelas forças russas na Ucrânia foram condenados à morte, informou a agência de notícias russa RIA Novosti. Aiden Aslin, Shaun Pinner e Saaudun Brahim compareceram num tribunal na República Popular de Donetsk, que é controlada por rebeldes pró-Rússia. O tribunal não é reconhecido internacionalmente. Os homens são acusados de serem mercenários. Porém, as famílias dos britânicos dizem que estavam nas forças armadas da Ucrânia. Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, os homens eram "soldados" e deveriam ter os direitos dos prisioneiros de guerra.
Aiden Aslin, from Nottinghamshire, Shaun Pinner, from Bedfordshire and Moroccan national Saaudun Brahim, have all been sentenced to death by a court in the Donetsk People's Republic. pic.twitter.com/ZkPtxYJdHv
- (AD) Deo Non Fortuna -Z- (@_labour_first) June 9, 2022
- Trabalhadores camarários estão a remover corpos dos escombros de arranha-céus na cidade devastada ucraniana de Mariupol, criando uma "caravana de morte sem fim". Numa busca em cerca de dois quintos dos prédios, encontraram de 50 a 100 corpos em cada um. Os corpos estão a ser levados para morgues e valas comuns. Na mesma cidade, os pensionistas começaram a ser pagos em rublos russos.
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- O bloqueio dos cereais continua. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, anunciou que não foi alcançado qualquer acordo com a Turquia sobre a exportação dos cereais da Ucrânia. Já Zelensky apelou à exclusão da Rússia da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), com acusações a Moscovo de que está a bloquear e roubar cereais ucranianos. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou a Ucrânia está a atrasar as exportações de grãos por não remover minas dos seus portos no Mar Negro.
- Zelensky comparou a invasão da Rússia à pandemia de covid-19 e descreveu armas e sanções como uma vacina. "Armas e sanções são uma vacina contra o covid-22 trazida pela Rússia".
- O Kremlin anunciou que não espera que a Gazprom corte o fornecimento de gás a mais clientes europeus. A empresa de energia russa já interrompeu o fluxo de suprimentos a alguns países, incluindo a Polónia e a Finlândia, depois de se terem recusado a fazer pagamentos em moeda russa.
- Cerca de 60 navios de guerra, lanchas e navios de abastecimento estão a participar em manobras táticas navais da Frota do Báltico da Marinha Russa, que começaram esta quinta-feira no Mar Báltico.
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- O presidente da Polónia, Andrzej Duda, criticou os homólogos francês e alemão por manterem conversações com o líder russo, Vladimir Putin, apesar da invasão da Ucrânia. "E alguém falou assim com Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial? (...) Alguém lhe disse que se tinha de salvar a sua face? Que as coisas tinham que ser feitas de forma a não humilhar Adolf Hitler?", acrescentou.
- A União Europeia atribuiu mais 205 milhões de euros em assistência humanitária à Ucrânia, anunciou a Comissão Europeia, que revelou ainda que vai disponibilizar 20 milhões de euros, através do programa de financiamento Conselho Europeu da Inovação, para apoiar pelo menos 200 empresas ucranianas em fase de arranque na área da tecnologia.
- No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson afirmou que o aumento do custo de vida não deve ser motivo para abandonar o apoio à Ucrânia, atitude que seria "moralmente repugnante".
- Mais de 7,2 milhões de pessoas saíram da Ucrânia devido à guerra e 2,3 milhões atravessaram a fronteira em sentido contrário até terça-feira, segundo dados divulgados pela ONU.