Reconquista de posições na cidade industrial depende da chegada de artilharia de longo alcance. Cidadãos britânicos e marroquino enfrentam pena capital.
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É uma das batalhas mais duras desde o arranque da invasão e o primeiro soar de sirenes. No extremo Leste ucraniano, na cidade industrial de Severodonetsk, na província de Lugansk, joga-se, em cada dia, o destino da região do Donbass. Para a resistência ucraniana, reconquistar posições na cidade depende da chegada de armas de artilharia de longo alcance, várias vezes requisitadas ao Ocidente, cruciais para reverter o quadro militar.
"Esta é uma batalha muito feroz, muito difícil. Provavelmente uma das mais difíceis ao longo desta guerra. Estou grato a todos os que defendem este país. De muitas maneiras, o destino do nosso Donbass está a ser decidido lá", assinalou, numa mensagem em vídeo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Seguei Gaidai, governador de Lugansk, admite reconquistar posições "em dois ou três dias", se o exército ucraniano contar com artilharia de campanha, sobretudo sistemas de lançamento de foguetes de longo alcance, que a Ucrânia reiteradamente tem pedido ao Ocidente e que permitiria estender o controlo ucraniano para além das franjas da cidade de Severodonetsk.
Entretanto, as forças pró-russas da autoproclamada República Popular de Donetsk anunciaram o início da batalha por Sloviansk que, a par com Kramatorsk, estarão entre os principais objetivos russos no Donbass.
Segundo as milícias pró-russas, as forças das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, apoiadas pelo Exército russo, "libertaram e estabeleceram o controlo total sobre 231 localidades da região", incluindo Svitohirsk e Tetyanivka.
A covid como metáfora
Zelensky comparou esta quinta-feiraa invasão da Rússia à pandemia de covid-19, tendo mesmo descrito armas e sanções como a necessária vacina, numa altura em que as posições militares no Donbass enfrentam um crucial ponto de viragem.
Em declarações, via vídeo, para a gala das "100 Pessoas mais influentes do ano", da revista Time, o chefe de Estado insistiu no apelo por ajuda externa, uma vez que "os militares ucranianos estão a morrer no campo de batalha".
De acordo com o conselheiro sénior do presidente, Mykhaylo Podolyak, as baixas militares ucranianas estão agora entre as 100 e as 200 por dia - o maior número estimado até ao momento. Podolyak aponta a assimetria entre as capacidades militares russa e ucraniana como uma das principais razões para o cada vez mais expressivo número de baixas.
condenados à morte
Segundo a agência noticiosa russa RIA Novosti, dois britânicos e um marroquino capturados pelas forças russas na Ucrânia foram condenados à morte, acusados de terrorismo. Aiden Aslin, Shaun Pinner e Saaudun Brahim compareceram num tribunal na República Popular de Donetsk, controlada pelos separatistas russos.
Descritos como mercenários, os dois britânicos garantiram estar a servir no exército ucraniano, o que os colocaria, enquanto soldados, sob a proteção da Convenção de Genebra para prisioneiros de guerra.