O Governo catalão, com o apoio da maioria do resto de partidos políticos, decidiu suspender as eleições autónomas previstas para o próximo dia 14 de fevereiro e adiá-las para 30 de maio devido à situação epidemiológica que se está a viver na região espanhola.
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O executivo justificou a polémica decisão com os dados promulgados pela Direção-Geral da Saúde de Catalunha, na quinta-feira, que previu uma duplicação do número de infetados durante o mês de fevereiro como consequência da época natalícia. A região poderá atingir os três mil casos diários, com as unidades de cuidados intensivos à beira do colapso.
As autoridades de saúde acreditam que, mais próximo do verão, poderão ser garantidas condições mais seguras para a população ir às urnas, já que a campanha de vacinação estará mais avançada. Atualmente, a Catalunha está a tentar, sem sucesso, abrandar a terceira vaga da pandemia com um confinamento da população, restringindo a circulação por concelhos.
Os partidos independentistas (Esquerda Republicana da Catalunha e Juntos ela Catalunha), Cidadãos e Partido Popular mostraram sempre apoio para escolher o 30 de maio como nova data dos comícios. Porém, a mudança eleitoral não foi apoiada pelo Partido Socialista Catalão (PSC), que queria manter a data prevista das eleições, tendo acabado por propor a possibilidade de realizar eleições no dia 14 ou 21 de março, para evitar os mesmos problemas que possam surgir depois da Páscoa. Finalmente, o PSC acabou por ceder perante o acordo conjunto do resto das formações.
Socialistas favoritos
As primeiras sondagens das eleições auguravam uma vitória surpreendente dos socialistas graças ao efeito provocado pela candidatura do atual ministro de saúde, Salvador Illa, que vai deixar o cargo no executivo de Pedro Sánchez em plena pandemia, para tentar alcançar a presidência da Catalunha.
O líder do PSC, Miquel Iceta, não descartou a possibilidade de recorrer à Justiça para paralisar a decisão do governo catalão de poder aceitar novas candidaturas ou novas coligações até à próxima data, porque obrigaria a começar o processo eleitoral do início. "Podemos mudar a data, mas não as regras do jogo. A vitória de Salvador Illa vai produzir-se em maio como tinha acontecido em fevereiro". O partido de ultradireita VOX também vai estudar um possível recurso.
O novo decreto da convocatória vai ser assinado na tarde desta sexta-feira, justificando a decisão do adiamento com "razões sanitárias" e com a necessidade de "garantir a qualidade democrática das eleições". Assim, a Catalunha vai copiar o exemplo da Galiza e do País Basco, que tinham marcado as eleições autónomas para o dia 5 de abril de 2020, embora a pandemia tenha forçado ao adiamento para julho.
Importa recordar que a Catalunha conta com um governo provisório presidido por Pere Aragonés até à realização de novas eleições, depois da saída forçada de Quim Torra da presidência da Generalitat, que foi considerado inapto para cargos públicos por parte do Tribunal Supremo Espanhol, em setembro.