Pantone tem uma nova cor: o "vermelho período" para acabar com estigma da menstruação
A empresa dos EUA, responsável pela criação do maior sistema de cores no mundo, aliou-se à marca sueca de produtos de higiene, Intimina, e criou um tom de vermelho vivo, semelhante à cor do período. O objetivo é desmistificar o tema e encorajar quem menstrua a sentir-se bem na sua pele.
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Já estamos habituados a que a Pantone dite qual é a cor do próximo ano. A de 2020 foi um "azul clássico", que foi definido antes da covid-19 se espalhar pelo mundo e se tornar uma pandemia. Mas a empresa, com o maior sistema de cores no mundo, aplicável desde a indústria gráfica à moda, já se associou pontualmente a várias causas, desde logo, a ambiental. Esta semana, anunciaram mais um tema, o da menstruação, num tom vermelho "ativo e aventureiro" para promover a "positividade do período".
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A parceria foi feita com a marca sueca "Intimina" de produtos de higiene feminina para uma campanha chamada "Seen+Heard" ("Visto e Escutado", em tradução para português), cujo objetivo é que as conversas sobre o período sejam mais recorrentes e menos "escondidas". Por essa razão, o novo vermelho da Pantone se assemelha à cor do fluxo da menstruação, tal e qual como é. A Pantone e Intimina consultaram especialistas para criar o tom de vermelho, mas ambas as marcas referem que não é uma "descrição precisa".
"[A cor] encoraja as pessoas que menstruam a sentirem-se orgulhosas delas mesmas; a ter o período com confiança, a celebrar apaixonadamente a força vital com a qual nascem, a falar confortavelmente e espontaneamente, independentemente do género, desta função pura e natural do corpo", escreveu Laurie Pressman, vice-presidente do Pantone Color Institute, num comunicado de imprensa.
Nesta campanha, parte dos fundos foram doados pela marca sueca à ActionAid, instituição de caridade que ajuda mulheres na pobreza. De facto, a "pobreza do período", termo que designa a realidade de mulheres de todo o mundo que não têm dinheiro para produtos de higiene íntima feminina, afeta países desenvolvidos e em desenvolvimento.
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Segundo dados da UNICEF estima-se que 2,3 biliões de pessoas não tenham condições sanitárias básicas, o que torna impossível para muitas mulheres lidar com a menstruação de forma digna e segura. No Reino Unido, um estudo sobre o impacto da covid-19 nos adolescentes britânicos mostrou que uma em cada 25 famílias teve dificuldades, durante a pandemia, em comprar produtos para o período.
Além dos poucos recursos, a menstruação ainda acarreta muitos mitos em vários países, sobretudo nos mais pobres. No Nepal, por exemplo, as meninas são colocadas a dormir em cabanas, fora de casa, quando têm o período, ainda que a prática seja ilegal. Na Índia, as mulheres são consideradas sujas e impuras por terem a menstruação. Mas também nos países desenvolvidos, a questão ainda é um tabu, desde a normalização de piadas sobre o período até à chamada "pink tax" (taxa cor de rosa), um fenómeno atribuído ao elevado preço de produtos para mulheres, entre eles, os da higiene íntima.