O papa Francisco apelou, este domingo, à "coragem" para fazer a paz, numa oração conjunta com os presidentes israelita e palestiniano, que decorreu nos Jardins do Vaticano, pela paz no Médio Oriente.
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"Fazer a paz implica coragem, muito mais do que a guerra", disse o papa, acrescentando uma prece a Deus: "Coloca nos nossos corações a coragem para dar passos concretos para alcançar a paz".
O papa elogiou a presença dos dois presidentes, que considerou "um grande sinal de fraternidade, que fazem como os filhos de Abraão, e expressão concreta de confiança em Deus, Senhor da História, que hoje nos olha como irmãos, e deseja conduzir-nos pelos seus caminhos".
Francisco relembrou que o encontro foi "acompanhado pela oração de muitas pessoas, de diferentes culturas, nações, línguas e religiões".
O encontro de hoje, afirmou, responde "ao desejo ardente de quantos anseiam pela paz e sonham com um mundo onde homens e mulheres possam viver como irmãos e não como adversários ou inimigos".
O papa declarou também perante os líderes que "os filhos estão cansados e esgotados pelos conflitos, e com vontade de chegar ao amanhecer da paz", recordando depois todos os que "tombaram vítimas inocentes da guerra e da violência".
"É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não ao enfrentamento, sim ao diálogo e não à violência, sim à negociação e não à hostilidade, sim ao respeito pelos pactos e não às provocações; sim à sinceridade e não à hipocrisia. Para tudo isto é necessário coragem, uma grande força de espírito", declarou.
Ao dirigir-se aos presentes pediu que não renunciem às suas responsabilidades e afirmou que é preciso responder "à chamada para quebrar a espiral de ódio e violência, a dobrá-la com uma única palavra: irmão".
Francisco terminou o seu discurso com uma oração em que explicava como durante anos se viveram "momentos de hostilidade e obscuridade, com tanto sangue derramado, vidas destroçadas e esperanças destruídas" com o vão intento de resolver os conflitos.
"Guerra nunca mais. Com a guerra tudo se destrói", disse o papa, que pediu a Deus "força para sermos a cada dia artesão da paz", terminando a oração rogando para que "o estilo da nossa vida se converta em 'shalom', paz e 'salam'.
A 25 de maio, em Belém, perante uma multidão de fiéis, Francisco anunciou o convite ao chefe de Estado de Israel e ao presidente da Autoridade Palestiniana "para se juntarem [com o papa] numa oração para pedir a Deus o dom da paz".
No regresso de uma peregrinação à Terra Santa, no final de maio, Francisco fez questão de esclarecer, junto dos jornalistas, a ideia de uma oração a três, à medida que cresciam as especulações sobre uma possível mediação do Vaticano.
"Talvez me tenha explicado mal... Este encontro para uma oração não vai ser uma mediação ou para encontrar soluções. Vamos estar juntos para rezar, é tudo. E depois, regressa cada um a sua casa", disse o papa.
O objetivo do papa é mostrar que as três religiões monoteístas têm raízes comuns e devem entender-se sobre a paz numa terra sagrada para as três. Por isso, Francisco deixou a oração do "Pai Nosso" no Muro das Lamentações, onde abraçou um rabino e um professor muçulmano.