Partidos políticos na Bulgária, o país mais pobre da União Europeia, estão a oferecer entre 50 e 75 euros aos eleitores por cada voto nas eleições legislativas antecipadas de domingo.
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A compra de votos pelos partidos políticos não é um fenómeno novo na Bulgária, tendo sido efetuada em todas as eleições realizadas no país desde a queda do regime comunista há 23 anos, adianta o jornal "Standart".
Num país onde o salário mínimo é de 155 euros, os partidos fazem os pagamentos aos eleitores em dinheiro ou através do pagamento de faturas de luz e água ou ainda assegurando a alimentação de vários dias.
O "Standart" afirma, com base em fontes do Ministério do Interior, que emissários de diversos partidos visitaram diferentes localidades, incluindo guetos de etnia cigana, para recolher faturas com a promessa que as pagarão se os eleitores votarem "adequadamente".
O comprovativo do pagamento da fatura é entregue ao eleitor depois do dia das eleições caso este apresente uma prova de que votou no partido indicado.
"Normalmente o comprovativo faz-se através de uma fotografia do boletim de voto tirada com um telemóvel antes de ser inserida na urna. O eleitor também pode receber um boletim de voto marcado previamente", explicou à Efe um investigador que pediu para não ser identificado.
"Ofereceram-me 50 euros para votar num partido determinado. Claro que aproveitei, é um terço do meu salário mensal e é um esforço que dá jeito ao orçamento familiar", afirmou Ivo Plevenski, um cidadão de etnia cigana, que trabalha numa companhia de limpeza.
Noutros casos, os políticos entregam entre 500 e 1000 euros a um cacique que decide o voto dos eleitores de várias famílias, indica o jornal.
As crescentes dificuldades económica também se refletem neste negócio ilegal. Nas legislativas anteriores, em 2009, um voto valia entre 25 e 50 euros. Segundo a ONG "Transparência sem limites", em 2009 mais de 415 mil búlgaros venderam votos, principalmente por motivos de pobreza.
O Eurostat calcula que 22% dos 7,3 milhões de habitantes da Bulgária vivem com o salário mínimo de 155 euros e que 49% corre o risco de cair abaixo do limite de pobreza.
Apesar de todos os partidos advertirem nas mensagens eleitorais que a compra de votos é um delito segundo o Código Penal, castigado com até seis anos de prisão e multas até 10 mil euros, até agora não houve qualquer condenado.
A Comissão eleitoral búlgara anunciou que vão estar presentes nas eleições de domingo 275 observadores provenientes de organizações internacionais e 11878 locais.
