Um petardo lançado por desconhecidos foi o primeiro incidente a marcar a marcha que reúne, esta quarta-feira, centenas de pessoas em Luanda, Angola, para homenagear a única vítima mortal dos protestos antigovernamentais de sábado.
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Centenas de pessoas iniciaram, à hora marcada, uma marcha apeada em direção ao cemitério de Santana, mas um quilómetro depois registou-se o primeiro incidente, com o lançamento de um petardo contra a primeira linha da marcha fúnebre, que visa homenagear Manuel Hilberto Ganga.
A marcha está a ser acompanhada por um helicóptero da polícia e efetivos da polícia nacional angolana que estão armados apenas de cassetete e pistola.
Colocados de forma mais discreta, alguns efetivos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) mantêm o seu armamento habitual.
A maior parte dos participantes na marcha enverga camisolas de cor amarela com a fotografia de Manuel Hilberto Ganga na frente e, nas costas, a frase "Exigimos Justiça".
Manuel Hilberto Ganga, dirigente da organização juvenil da coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), segundo maior partido da oposição, foi morto no sábado pela Guarda Presidencial angolana.
Segundo a polícia angolana, Manuel Hilberto Ganga foi abatido com um tiro quando tentou pôr-se em fuga, na sequência de uma ordem de detenção por ter sido surpreendido, com outros elementos daquele partido, a violar o perímetro de segurança da Presidência da República.
Oito militantes da CASA-CE foram surpreendidos por efetivos da Unidade de Guarda Presidencial a colar cartazes contra o rapto e presumível homicídio de dois ex-militares, há cerca de ano e meio, em Luanda, quando tentavam organizar uma manifestação antigovernamental.
A versão da polícia refere que Hilberto Ganga foi morto ao pôr-se em fuga, incentivado pelos restantes sete detidos, mas um comunicado da CASA-CE, que cita um dos restantes sete elementos, António Baião, salienta que foram disparados dois tiros e não um, como alega a polícia.