O secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, alertou esta segunda-feira o PSOE que não fará qualquer acordo de governo em Espanha se os socialistas recusarem a ideia de um referendo sobre a independência na Catalunha, entre outras condições.
Corpo do artigo
"Parece que os senhores que mandam no PSOE já falaram e que não entendem que Espanha é um pais diversificado e plurinacional. Ou o PSOE entende isto ou entrega o governo a Mariano Rajoy e ao Partido Popular", disse hoje Pablo Iglesias.
O líder do Podemos, que falava em conferência de imprensa para analisar os resultados eleitorais, respondia a uma pergunta sobre que condições colocaria ao PSOE para um eventual acordo entre as duas forças de esquerda.
"O Podemos não vai viabilizar, nem ativamente nem passivamente, nem com voto a favor nem com a abstenção, um governo do PP e de Mariano Rajoy. Se o PSOE não entender que Espanha é um país plurinacional, então está a dizer que entregará o poder a Rajoy e não poderá contar com o Podemos", especificou.
Iglesias sublinhou que vai iniciar uma ronda de contactos com as forças políticas com representação parlamentar, mas antes vai dialogar com os seus aliados políticos e reunir o Conselho de Cidadãos do partido.
O responsável do partido da cor roxa também insistiu nos cinco eixos da reforma constitucional que defende: uma nova lei eleitoral para assegurar a proporcionalidade, blindar os direitos sociais como habitação, saúde e educação, moções de confiança para o presidente do Governo que não cumpra o seu programa eleitoral, mais independência na justiça e um referendo sobre a independência na Catalunha. Também referiu a necessidade de impedir que ex-ministros acedam a conselhos de administração de empresas essenciais para o país.
"Acabou-se a política das cadeiras e dos cargos. Os cinco eixos são imprescindíveis, caso as forças políticas estejam à altura de uma reforma constitucional", salientou o dirigente, acrescentando que "este não é o momento de falar de investiduras".
A hora agora, disse, "é dos estadistas e não dos nervos nem das pressas".
"Ouvimos falar as forças políticas do imobilismo e parece que não entenderam que o sistema dos dois partidos acabou, parece que estão fechados num 'bunker' do passado", disse Iglesias.
Questionado sobre se considera provável a realização de novas eleições, Pablo Iglesias disse que esse cenário até favoreceria os partidos políticos "da mudança".
"Se os cidadãos tiverem de voltar a votar, estamos muito otimistas. Parece que a cada vez que se vota, as forças da mudança ganham votos e avançam, graças a debates com regras jornalistíscas e não feitas por políticos", disse o secretário-geral do Podemos.
"Eu diria que [nas eleições de domingo] nos faltou uma semana e um debate", realçou.
O PP, de Mariano Rajoy, venceu domingo, com 123 deputados, as eleições em Espanha, que ditaram o fim do bipartidarismo, mas sem a maioria para formar governo, o que obrigará a negociações.
Dois dos vitoriosos da noite eleitoral são os partidos emergentes, o Podemos, de Pablo Iglesias, à esquerda, com 69 deputados , e o Ciudadanos, de Alberto Rivera, com 40 deputados.
O outro partido histórico da democracia espanhola, o PSOE, de Pedro Sanchez, foi o segundo mais votado, mas com 90 deputados.