Depois de dois meses sem aparecer em público por estar a recuperar de uma cirurgia, Kate Middleton ressurgiu numa fotografia com os filhos, mas a imagem gerou uma polémica que a Coroa não está a conseguir controlar. O retrato, que foi alvo de manipulação, já está a afetar a confiança e a credibilidade da família real.
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A Princesa de Gales, de 42 anos, tornou-se num dos membros mais populares da família real britânica: a história de amor da plebeia com o herdeiro ao trono conquistou o coração dos súbditos e, desde então, a vida dos futuros reis de Inglaterra tem sido acompanhada como se de uma telenovela se tratasse. No mais recente episódio, e a propósito do Dia da Mães, que se celebrou no último domingo, Kate surgiu numa fotografia com os filhos, George, Charlotte e Louis, mas o retrato que serviria para acalmar os ânimos sobre o prolongado desaparecimento da mulher de William causou ainda mais alvoroço - e pode mesmo criar uma crise no palácio.
Assim que foi publicada na conta oficial dos príncipes de Gales, no Instagram, a fotografia recebeu uma chuva de likes e comentários de fãs que deixaram mensagens de apoio a Kate. No entanto, algumas horas depois, a polémica estalou. Cinco agências de notícias internacionais, como é o caso da Associated Press ou da EFE, detetaram que a imagem foi manipulada e foram obrigadas, por questões deontológicas, a retirá-la dos seus bancos. Aliás, depois do alerta, também o Instagram colocou um aviso na foto no qual se pode ler: "Os verificadores de factos independentes indicam que a imagem foi editada de uma forma que pode enganar as pessoas".
A controvérsia em torno do assunto deu origem a uma onda de especulação sobre o que realmente terá acontecido a Kate Middleton, que, segundo o Palácio de Kensington, foi sujeita a uma cirurgia abdominal, mas nunca especificou o motivo da operação. São muitas as suposições sobre o desaparecimento da princesa que se vão propagando nas redes sociais, mas a questão vai muito além das teorias da conspiração - que até colocam em causa a estabilidade do casamento com o príncipe William, já que Kate surge na foto sem aliança e sem o famoso anel de noivado que pertenceu à princesa Diana. A questão traz à tona um problema de comunicação que está a colocar em causa a credibilidade da instituição monárquica.
Embora a princesa tenha tentado acalmar os ânimos ao explicar, num story no Instragam, que "como muitos fotógrafos amadores" também gosta de fazer "experiências com edição", imputando a si a mesma as culpas da polémica sem fim à vista, vários especialistas na monarquia britânica reagiram com estranheza a toda a situação.
Apelo à transparência
Sendo a Coroa britânica uma instituição milenar respeitada em todo o Mundo e com uma vasta equipa de profissionais, que todos os dias trabalha para mostrar o melhor lado dos membros da família, o que poderá ter corrido mal? Não havia nenhum especialista em edição de imagem para trabalhar a fotografia que tinha como objetivo acalmar as especulações em torno do estado de saúde de Kate? Não há, para já, resposta a estas questões, mas a confiança nas informações divulgadas pelo Palácio de Kensington parece estar minada e a questão dificilmente será esquecida de ânimo leve. "Qualquer manipulação de uma imagem, mesmo que pequena e sem intenção de enganar, pode levantar suspeitas", alertou Chris Morris, diretor do site de verificação "Full Fact", em declarações à AFP.
A polémica também surge numa altura em que as preocupações em torno de informações visuais falsas ou enganosas são um desafio para os meios de comunicação, especialmente devido aos rápidos avanços da inteligência artificial. “As pessoas sentem desorientação, suspeita e desconfiança generalizadas", escreveu o escritor norte-americano Charlie Warzel num artigo na revista "The Atlantic".
A questão da manipulação da fotografia real também fez com que vários meios de comunicação questionassem se a realeza britânica já teria alterado imagens no passado. É o caso da CNN, que informou estar a analisar todas as imagens anteriormente partilhadas pelo Palácio de Kensington.
O clima de desconfiança estimulou novos apelos à transparência, mesmo entre membros da família real britânica com uma longa tradição de sigilo. Num artigo publicado, esta quarta-feira, no jornal "The Daily Mail", a jornalista Sarah Vine defende que "só há uma forma de William e Kate acabarem com as especulações cruéis: confessar o que realmente está a acontecer, ou correm o risco de se afogarem num atoleiro criado por eles mesmos".
Foi isso mesmo que fez o rei Carlos III, de modo a evitar teorias falsas sobre o seu estado de saúde. O sogro de Kate foi saudado por anunciar publicamente o seu diagnóstico de cancro, embora não tenha especificado o tipo de tumor contra o qual está a travar uma batalha. Ainda assim, na opinião de vários especialistas, esta atitude do monarca mostrou vontade de se manter transparente e de se revelar uma pessoa como outra qualquer.
“Se a realeza realmente deseja modelar valores importantes para a nação, deveria começar por rever a sua abordagem em relação aos media, a favor da transparência da honestidade escrupulosa”, escreveu na rede social X Catherine Mayer, autora do livro “Charles: The Heart of a King", lembrando que os membros seniores da família real, como é o caso da princesa de Gales, "deveriam opor-se à desinformação e não contribuir para ela”.