Em tempo de pandemia, em que o crime violento nas ruas de Londres desceu significativamente, a polícia teve uma ideia inédita: visitar os membros de gangues em casa e sensibilizá-los para que deixem o mundo do crime. Os agentes da Polícia Metropolitana de Londres vão bater à porta de mil criminosos.
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Numa altura em que milhares de pessoas ainda continuam em casa no Reino Unido, devido à pandemia da covid-19, também os criminosos mantiveram-se dentro de portas. O resultado? O crime violento nas ruas de Londres diminuiu nas últimas seis semanas: crimes com facas e armas caíram para metade, esfaqueamentos por menores de 25 anos desceram 69% e os roubos são 39% menos face ao mesmo período de 2019.
A Polícia Metropolitana de Londres quer, por isso, aproveitar esta oportunidade de ouro. Tentar que os números não subam após o isolamento. Uma das maneiras passa por visitar os criminosos nas suas casas e sensibilizá-los para que deixem o crime.
Nick Ephgrave, comissário da polícia de Londres, afirmou que a pandemia exigiu que a maioria das pessoas tivesse um "recomeço" nas suas vidas e os criminosos não são exceção. "Eles [criminosos] não estão tanto nas ruas, estão a reconectar-se com as suas famílias e nós queremos dar uma oportunidade a estes indivíduos", acrescentou.
Além da visita por duas vezes aos lares de mil criminosos, já identificados, a Polícia Metropolitana de Londres tem aproveitado esta altura mais "calma" para apreender armas e outros objetos obtidos ilicitamente. Desde 13 de março, os agentes recolheram 444 facas, 428 armas de diversos tipos e grandes quantidades de droga. Entre os objetos apreendidos está um carro da marca Lamborghini, de cor verde. Desde fevereiro, mais de 1200 pessoas foram detidas. Foram ainda destacadas patrulha para 250 locais nas ruas onde os gangues operavam.
Apesar da possibilidade de arrependimento que está a ser concedida aos criminosos, não há medidas suaves para quem desrespeite a lei. "A mensagem é muito clara: está aqui a sua oportunidade, aproveite. Caso contrário, haverá consequências", frisou o comissário Nick Ephgrave.
A comissária Cressida Dick também não acredita em fórmulas mágicas. A criminalidade violenta pode ter diminuído nas ruas, mas há a possibilidade de os atos continuarem a ser potenciados nas redes sociais e se tornarem ainda mais graves após o isolamento. As tensões sociais que possam resultar da pandemia são uma preocupação. "Reconhecemos que há mais pessoas que se podem tornar sem-abrigo, o que vai criar uma maior disparidade na sociedade e as pessoas poderão sentir-se zangadas", afirmou.
Enquanto a vida se faz maioritariamente em casa, a polícia de Londres vai continuar a investigar quem e como os criminosos podem melhorar. Da mesma forma, que são culpados, as autoridades olham para os infratores como alguém que "pode ter ficado aliviado" por sair de um mundo tão violento e assustador como o de uma pandemia. O mundo do crime.