A polícia do Uganda deteve 16 pessoas, a maior parte ativistas que festejavam o dia do Orgulho Gay em Campala, tendo ferido e humilhado muitos dos participantes.
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Em comunicado, várias organizações dos direitos humanos denunciaram esta sexta-feira mais um incidente que comprova a violência e discriminação "sistemática" que sofrem os homossexuais, bissexuais e transexuais naquele país africano, onde a homossexualidade é considerada crime.
O incidente ocorreu na quinta-feira, quando a polícia entrou num bar e reteve durante mais de uma hora centenas de pessoas que se encontravam no seu interior.
As testemunhas relataram que a polícia agrediu muitas pessoas, em particular os transexuais, tirou fotografias e ameaçou publicá-las, refere o comunicado.
A tensão que se viveu no local provocou que uma pessoa saltasse de um sexto andar e ficasse ferida com gravidade.
No Uganda, a homossexualidade é uma "conduta social anormal"
Todos os detidos foram postos em liberdade, sem acusações, segundo o comunicado.
A polícia justificou a sua atuação assegurando que foi informada sobre a realização de um casamento homossexual e que o ato era ilegal, já que os agentes não tinham sido informados do evento.
A versão foi desmentida pelas organizações dos direitos humanos, que asseguram que a polícia foi informada da realização da festa.
"As autoridades do Uganda não só devem abster-se de acabar com aquele tipo de atividades, como têm a obrigação legal de garantir que outros não interfiram naquele exercício fundamental dos direitos básicos", afirmou Maria Burnett, da organização "Human Rights Watch" em África.
O presidente do Uganda, Yoweri Museveni, há 30 anos no poder, assinou em 2014 uma lei que endureceu as penas contra a homossexualidade e que foi duramente criticada pela comunidade internacional.
A proposta de lei - baseada num relatório feito por 14 "peritos" concluiu que a homossexualidade é uma "conduta social anormal" - propunha a pena de morte como castigo mais severo, mas o texto final foi aprovado com prisão perpétua.
O Tribunal Constitucional suspendeu a lei porque foi aprovada sem o quórum estipulado, mas o parlamento do Uganda reativou os mecanismos para voltar a aprová-la.