Policia moçambicana lanca gás sobre manifestantes contra "recrutamento forçado de jovens"
A Polícia moçambicana voltou a lançar gás lacrimogéneo no populoso bairro da Munhava, na Beira, centro do país, contra uma multidão que protestava contra o recrutamento forçado de jovens, disseram à Lusa populares.
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"Os carros queimados nos confrontos da semana passada (entre polícia e apoiantes do MDM) foram usados para barricar a estrada. Há gente na rua e a polícia está a disparar e a lançar gás para dispersar populares", disse à Lusa Ezequiel Hermenegildo, um morador, que descreveu a situação como um "caos".
A população saiu à rua para protestar contra o recrutamento "relâmpago e forçado" de jovens, pelas forças governamentais, o que agitou a cidade, tendo queimado pneus na antiga estrada nacional número seis (N6), mas rapidamente a situação se alastrou para o resto dos bairros da Beira. O comércio e transportes públicos estão encerrados.
"O trânsito para o porto da Beira está interrompido desde as 13:00 (11:00 de Lisboa) e o comércio também está interrompido. Há pneus a arder na zona do alto da Manga e Vaz em direção ao aeroporto. Há gente em todo lado a manifestar-se", descreveu um jornalista local.
"Tudo está parado. As pessoas estão a fugir dos seus postos de trabalho, está mesmo instalado um clima de tensão na Munhava e arredores", disse à Lusa ao telefone Manecas Madirige, um morador da Munhava.
Em conferência de imprensa na Beira, Carlos Michone, delegado do centro de recrutamento e mobilização de Sofala, considerou como "desinformação" o recrutamento forçado, assegurando que "não é uma ação do centro de recrutamento".
A província de Sofala é a mais atingida pela tensão político-militar em Moçambique, a pior desde a assinatura dos acordos de Paz em 1992 entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que já se saldou em dezenas de mortos e feridos.